A fonte admite que os relatos das demolições no Zango, como casos de violações sexuais, morte e torturas, "têm manchado e de que maneira", a imagem das Forças Armadas Angolanas.

"A nível das FAA, temos um sentimento de revolta por tudo o que tem estado a ocorrer no Zango envolvendo o nome da corporação. Já pedimos, inclusive, que coloquem na área polícias e não militares. Contudo, há diligências para que os principais responsáveis das tropas no Zango sejam ouvidos em Tribunal. Isso vai acontecer nos próximos dias", avançou o alto quadro do Tribunal Militar.

Trata-se de um sentimento que já havia sido avançado ao Novo Jornal por um outro quadro do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas.

"As FAA, enquanto instituição, não têm nada a ver com os efectivos que estão mobilizados nas demolições no Zango. Quando se decidiu escalar os militares na área, o Estado-Maior não foi "tido nem achado"", explica a fonte.

As demolições no Zango passaram a ser destaque na imprensa nacional desde início de Agosto último, com frequentes relatos de violações sexuais, agressões e morte (do adolescente Rufino António), tendo os militares escalados no local tido como protagonistas.

Tem sido recorrente citar-se o nome do coronel Ndongwa como sendo o principal responsável da tropa no local. "Eu sou militar e o meu órgão é castrense, apenas cumpro ordens", afirmou o coronel em declarações ao NJ.

Associa-se a responsabilidade pelas demolições no Zango, que já deixaram perto de dez mil famílias ao relento, à Zona Económica Especial, instituição que alegadamente viu o seu espaço invadido pelas referidas construções.

"Pela forma como os militares reagem, dá para ver que há pessoas muito importantes no país envolvidas no processo. Só isso pode justificar tanto poder e excesso de zelo por parte dos militares. Aliás, se não fosse isso, já teríamos visto a elite governativa reagir", comentou um dos responsáveis da comissão de moradores do Zango III.