Segundo os visados, que descreveram sob anonimato o problema ao Novo Jornal, a embaixada está a obriga-los a fazer o pagamento das propinas no Brasil e apresentar as declarações e os respectivos comprovativos devidamente autenticados nos cartórios brasileiros reconhecidos, e que tais documentos não devem ser enviados via "PDF".

Conforme os estudantes, os documentos devem vir do Brasil com selo timbrado e asseguram que as universidades privadas brasileiras não fornecem tal documentação.

Contam também que o Consulado do Brasil os obrigou a fazerem o pagamento das propinas nas universidades onde estão inscritos, mas que não há sinais da emissão dos vistos e exigem explicações.

"Já decorreu um mês desde que as aulas começaram no Brasil e até hoje não conseguimos os vistos de estudante", lamentam.

Conforme os visados, há ainda um grupo que não consegue dar entrada dos documentos ao consulado brasileiro pelas exigências "impossíveis" de satisfazer com que estão confrontados.

"Até aqui fizemos tudo o que a embaixada pediu. Infelizmente não nos querem receber, mas dizem que tem que ser por agendamento, e tal agendamento anda está sem resposta", contam.

Segundo os estudantes, não há vontade da parte da embaixada em ceder vistos aos angolanos que pretendem estudar nas universidades brasileiras.

"O que querem mais que façamos? Qual o porquê de tanta burocracia e dificuldade na cedência de vistos? Porquê dificultar a vida de jovens que apenas pretendem gastar dinheiro em estudos no Brasil para desenvolver o seu País?", interrogam-se os estudantes que anunciaram fazer uma manifestação pacifica em frente â Embaixada do Brasil em Luanda.

Uma estudante bolseira da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), disse ao Novo Jornal que ninguém poderá saber a dimensão da sua tristeza por já ter 30 faltas na universidade.

"Solicitei o visto de estudante no mês de Fevereiro para fazer a minha licenciatura na UNOPAR, mas infelizmente sem sucesso e já não sei o que fazer mais", lamenta a estudante.

A Embaixada responde não ter competência em Luanda para autorizar as emissões de vistos a estudantes

Em comunicado, sobre a problemática da emissão de vistos para o Brasil, emitido em Julho últimos, a embaixada diz que os pedidos aumentaram 760% e que os processos são antes analisados pela Interpol e reconhece a existência de morosidade no tratamento na emissão de vistos.

No comunicado, a embaixada diz ter apenas competência para autorizar em Angola vistos de turismo e de negócios, e que todo o processo de pedido de vistos é analisado na cidade de Brasília, pelas instituições de segurança pública brasileiras.

"O atendimento consular da embaixada em Luanda tem competência para autorizar vistos de turismo e negócios, mas não tem a palavra final sobre, por exemplo, vistos de estudantes, missionários, trabalho e residência: estes são analisados em Brasília", refere o comunicado.

Segundo a embaixada, o serviço consular em Luanda deve atender, como prioridade, a comunidade brasileira, que em Luanda é a maior em África e que por dia recebe 180 pedidos desta comunidade.

Diante do aumento de 760% da demanda de vistos, os prazos para análise, que já foram de duas semanas, passaram agora a ser de até seis meses, tal como noticiou o Novo Jornal no mês Junho e ainda em Julho