A saída de manadas de elefantes ou, por vezes, indivíduos solitários, das suas áreas de referência, ocorre quando acontece escassez de alimento ou quando ocorre um aumento brusco da população, procurando alguns ocupar outras áreas de alimentação e refúgio.

Com esta incursão pelas terras agrícolas do Mulondo, estes elefantes, cuja notícia da Angop não avança com um número aproximado, e perante o conflito entre a necessidade de preservação da fauna na região e a protecção das economias locais, muito arreigadas à agricultura de subsistência, as autoridades provinciais e os técnicos do Parque Nacional do Bicuar vão agora criar condições para confinar estas manadas de paquidermes à reserva existente na Huíla.

Os especialistas em vida selvagem tendem a apontar como razões para estas incursões em áreas habitadas por humanos a falta de alimento, excesso de população ou distúrbios naturais ou provocados pelo homem ocorridos nas suas áreas naturais.

Em parques como o conhecido Kruger, na África do Sul, o controlo da sobrepopulação é feito através da aplicação de contraceptivos químicos nos elefantes fêmea, ou, sob estreito controlo, o envio de animais para regiões onde estes são escassos e a sua sobrevivência está em risco.

Quando se trata de perturbações artificiais das populações, a solução passa por resolver esses problemas. Perante a ocorrência de animais problemáticos, estes podem ser confinados a áreas electrificadas de forma a impedir a sua saída.

Para já, as populações do Mulondo, confrontadas com este problema, segundo o soba grande local, Mufingua Mupinga, querem o problema resolvido, mas confiam nos técnicos para isso porque "todos sabem que não se pode agredir a fauna" e já foram realizados encontros com os especialistas do Bicuar.

Em Angola, os números são contraditórios, com o fim da guerra a proporcionar um alargamento das populações de elefantes. Só na província do Kuando Kubango, foram, em 2016, contabilizados mais de três mil animais, admitindo um aumento no efectivo, embora tratando-se de uma espécie com forte pendor transumante, estes possam ser oriundos de outras áreas, nomeadamente de países vizinhos, como o Botsuana ou a Namíbia.

No entanto, de acordo com um estudo realizado, também em 2016, por uma ONG internacional de protecção desta espécie, há indicadores que apontam para um decréscimo no número de elefantes em Angola de três por cento ao ano, pelo menos nos últimos anos.