Uma investigação realizada por ecologistas da "Elephants Without Borders" (EWB), organização de conservação da vida selvagem e dos recursos naturais com sede no Botswana, e pela Universidade de Massachusetts Amherst conclui que o fim da guerra não é necessariamente suficiente para a recuperação a longo prazo das populações da vida selvagem, sendo também necessária "protecção ativa", com medidas de combate à caça furtiva e de limitação da invasão humana das áreas protegidas.
"Pode ser ainda possível reverter o declínio em curso dos elefantes em Angola e conservar essa importante população, se o Governo se comprometer com uma "protecção ativa", diz Scott Schlossberg, o primeiro autor do estudo, publicado hoje na revista científica PLOS ONE.
"Felizmente, no final de 2015 Angola ainda tinha mais de 3.000 elefantes", dizem Scott Schlossberg e os outros autores do estudo. Antes da década de 1970 Angola tinha cerca de 70.000 elefantes, uma das maiores populações da África subsaariana nessa altura. A guerra, entre 1975 e 2002, não só provocou grande perda de vidas humanas, mas também levou ao abate de elefantes em larga escala.
Em 2004-05 a EWB fez uma pesquisa em Angola e encontrou uma "pequena mas aparentemente saudável e crescente população, estimada em 1.800 elefantes", nas palavras de Curtice Griffin, professor de conservação do ambiente em Amherst.
Uma nova pesquisa foi feita em 2015, através de levantamentos aéreos e monitorizações por satélite, tendo sido identificados 3.395 elefantes na província de Cuando Cubango. Os números foram destacados em 2016 pelo governo angolano, que nesse ano dedicou o dia do Ambiente à protecção do elefante e ao combate ao tráfico de marfim.
Comparando os dados de uma região específica que já tinha sido estudada em 2005 registou-se um decréscimo de 21% no número de elefantes, disse Schlossberg.
Na área de pesquisa ainda permanecem campos de minas, que afectam seres humanos mas também animais selvagens, elefantes incluídos. Schlossberg disse que o número de cadáveres de elefantes aumentou muito de 2005 para 2015, explicando que no primeiro estudo não foi visto qualquer cadáver e que em 2015 foram detectadas quatro carcaças por cada 10 elefantes vivos.
Os autores do estudo sugerem que a população de elefantes entrou em declínio a partir de 2015 e dizem que o desenvolvimento humano generalizado no sudoeste de Angola pode estar a limitar a distribuição de elefantes, que evitam áreas a menos de seis quilómetros de vestígios humanos, segundo o rastreio por satélite.
Os autores salientam que desde 2015 o Governo de Angola tem tomado medidas para proteger os elefantes, nomeadamente o combate ao comércio de marfim e a criminalização da venda da vida selvagem, morta ou viva.