Segundo algumas empresas de segurança que o Novo Jornal ouviu, as armas de defesa exigidas por Lei são muito caras no exterior e uma arma chega a custar mais 400 mil kwanzas. Afirmam ainda ser também importante desarmar a população civil e retirar da posse dos marginais as armas de guerra.
Ana Carvalho, directora geral da empresa de segurança Protector assegurou aos jornalistas que a sua empresa entregou de forma voluntária 40 armas de guerra à PN e adquiriu o mesmo número de armas de defesa, mas salientou que não é fácil para as empresas conseguirem comprar os armamentos que a PN exige.
"Não é fácil este tipo de armas, treinar as pessoas e ter armeiros. São investimentos grandes que não são fáceis, mas temos de nos sujeitar e receber as orientações da polícia, que está acima de nós", disse.
Questionada pelo Novo Jornal sobre os preços das armas, a directora da Protector certificou ser acima dos 400 mil kz cada uma.
Esta responsável assegurou que as empresas licenciadas para aquisição das armas de defesa em Angola vendem as armas não abaixo deste valor.
O director da empresa de segurança Plantão, Nelson Nascimento, disse ser necessário não só retirar as armas de guerra das empresas de seguranças, mas também das mãos dos marginais.
Segundo este responsável, as empresas de segurança ajudam a PN em diversos serviços e "é necessário não estar em desvantagem diante dos marginais".
Quanto aos preços dos armamentos civis, o responsável da empresa de segurança Plantão diz ser muito dispendioso.
Entretanto, o comandante geral da Polícia Nacional, Arnaldo Carlos, atestou que não está a ser fácil à PN impor a Lei, aprovada em 2014, que deixa de dar guarida ao uso de armas de guerra pelo sector de segurança privada.
Segundo o comandante geral da PN, as armas de guerra em posse das empresas de segurança pertencem às Forças Armadas Angolanas (FAA) e à Polícia Nacional, devendo ser substituídas por armas específicas e adequadas para o exercício de segurança.
Mais de 140 empresas, segundo a polícia, já efectuaram a troca das armas de guerra pelas armas de defesa, mas muitas outras continuam a resistir.
"Continuamos a registar um desnível entre a cifra de armas de defesa adquiridas e as de guerra trocadas, devido a uma certa resistência à aquisição de armas de defesa, manifestada por algumas empresas", disse o comandante geral, assegurando que tal atitude pode obrigar ao accionamento da fase coerciva do processo de entrega de armas de guerra.
Segundo a PN, mais de três mil armas de guerra foram recolhidas das empresas de segurança e restituído o mesmo número de armas de defesa.
Desde o início do Programa de Desarmamento da População Civil, em 2008, foram recolhidas mais de 110 mil armas, e deste número mais de 90 foram destruídas por se encontrarem em avançado estado obsoleto.
As armas de guerra entregues pelas empresas de segurança à PN são encaminhadas para os depósitos da Comissão Nacional para o Desarmamento da População Civil, onde são armazenadas e submetidas ao processo de marcação.