Marcos Cacuhu Cassanda era também o braço direito e homem de confiança do empresário angolano Bartolomeu Dias, há 15 anos, e o empresário assegura ter dado "tudo do bom e do melhor" ao seu financeiro.
O homem de confiança de Bartolomeu Dias planeou o assalto e o roubo dos 160 mil euros com mais quatros amigos seus que também estão a ser julgados na 6.ª secção da sala dos crimes comuns, do Tribunal de Comarca de Luanda, cuja juíza é Josina Falcão, pelos crimes de associação criminosa, abuso de confiança e corrupção activa de funcionário.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), no dia 21 de Dezembro de 2021, às 12:00, num restaurante do Bairro Alvalade, o empresário e dono do Grupo Bartolomeu Dias entregou ao seu financeiro e homem de confiança, Marcos Cacuhu Cassanda, na companhia do seu motorista, a quantia de 160 mil euros para que a entregasse a um piloto no terminal militar da Força Aérea Nacional, antes da viagem do empresário, que também seria naquele dia.
A acusação conta que o piloto estava com a filha doente, mostrou-se indisponível para levantar vôo naquele dia.
"Por isso, a viagem e a entrega dos valores ficou adiada para o dia seguinte", refere a acusação do MP, que descreve que o arguido Marcos Cacuhu Cassanda, na companhia do motorista, devolveu o dinheiro ao patrão, o empresário Bartolomeu Dias.
No dia seguinte, prossegue o MP, isto no dia 22, o homem de confiança do empresário, por volta das 6:00, telefonou ao seu amigo Francisco de Carvalho Cabinda "Alonso" e contou-lhe que circulava com uma avultada quantia em dinheiro e orientou-o sobre o plano que passaria pela simulação de um assalto.
O seu comparsa, Francisco de Carvalho Cabinda, poderia aparecer com outro amigo conduzindo uma motorizada nas imediações do Aeroporto 4 de Fevereiro, assaltavam o financeiro e levavam a pasta com o dinheiro.
Posto no aeroporto e na sala de embarque, o empresário Bartolomeu Dias entregou uma vez mais ao seu homem de confiança a pasta com os 160 mil euros e com as mesmas recomendações.
O empresário colocou à disposição o seu carro e o respectivo motorista para levar o financeiro até ao aeroporto militar e em segurança.
A acusação diz que a meio do caminho Marcos Cacuhu Cassanda pediu ao motorista que parasse o carro junto a uma loja que fica paralela ao aeroporto militar, onde ficaram cerca de 20 minutos.
Depois de fazer vários telefonemas, o agora arguido saiu do carro, levando consigo a pasta do dinheiro. Os seus comparsas na motorizada, como haviam combinado, assaltaram-no e coloraram-se em fuga.
Em reação, o motorista do empresário Bartolomeu Dias, Josias João, que estava a bordo da viatura, ao ver a cena, perseguiu-os e embateu na parta traseira da motorizada. Os assaltantes caíram e em seguida foram detidos.
O dinheiro foi devolvido ao financeiro e homem de confiança do empresário que a seguir entrou para o aeroporto militar.
A acusação conta que Marcos Cacuhu Cassanda e o piloto, após prévio acordo, decidiram ficar com o dinheiro de Bartolomeu Dias.
No entanto, um oficial superior da Força Aérea no aeroporto militar, apercebendo-se que o financeiro e o piloto queriam ficar com os 160 mil euros do dinheiro do empresário, os indagou e os mesmos ofereceram-se três mil euros para que calasse a boca.
Enquanto isso, os assaltantes continuavam detidos e para que não corressem o risco de serem descobertos, o financeiro e o piloto contactaram um oficial da Polícia Nacional e este comprometesse em restituir a liberdade dos assaltantes e abafar o caso.
A acusação assegura que os criminosos não conseguiram alcançar o desejado e foi assim que o assunto foi parar à justiça.
O Novo jornal soube que o empresário Bartolomeu Dias conseguiu recuperar dos 160, apenas 127 mil euros.
Os arguidos respondem ao tribunal pelos crimes de associação criminosa, abuso de confiança, corrupção activa de funcionário público e corrupção passiva de funcionário.