"Passei apenas para avisar que, além de seringas, medicamentos, luvas e soros, lembrem-se de levar também um médico. É que actualmente faltam médicos nos hospitais. As paredes estão lá, mas o resto é por vossa conta", escreveu no Facebook esta terça-feira o mestre em saúde pública.
Esta terça-feira, segundo a agência Lusa, os médicos em greve há duas semanas denunciaram que estão a ser impedidos de entrar nos hospitais onde garantem os serviços mínimos, supostamente por orientação do Ministério da Saúde, que acusam de violar a Lei da Greve.
"Se não entrarmos nas instalações, quem vai garantir os serviços mínimos? Nós continuamos a garantir os serviços mínimos, nomeadamente de hemodiálise, cuidados intensivos, urgências, cirurgias de urgências, serviços de neonatologia e não achamos esta atitude correcta", afirmou, citado pela Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA), Adriano Manuel.
"A lei é clara e enquanto estivermos em greve podemos ter acesso às instalações onde prestamos serviços", disse Adriano Manuel.
No sábado, os médicos saíram às ruas de Luanda para manifestarem a sua insatisfação devido ao posicionamento do Executivo no decurso das negociações.
"Se quiserem cortar os salários, que cortem", asseguram os médicos.
Na quarta-feira, 30 de Março, a ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias, anunciou no final de uma ronda de negociações que o Executivo vai suspender os salários dos médicos grevistas, porque "cumpriu com os pontos do caderno reivindicativo".
"Não se vai processar os salários das pessoas que estiverem em greve, porque já houve bastante tolerância do Governo, vamos preparar outras forças e aí onde estiver em falta vamos encaixar, porque é a vida do cidadão posta em causa", referiu a ministra, argumentando que a decisão tem fundamento legal pelo facto destes, à luz da Lei da Greve, estarem com o vínculo jurídico-laboral suspenso após declararem a greve.