Ao Novo Jornal, uma fonte da direcção do HAB explicou que o ideal seria, enquanto decorrem os trabalhos de ampliação, o Executivo montar um hospital de campanha, provisório, para atender à procura que está unidade sanitária recebe diariamente e para a qual não tem resposta adequada.
Nesta altura o hospital atende apenas os pacientes com patologias graves, ou seja, os que necessitam de intervenções cirúrgicas, os que são reencaminhados de outras instituições hospitalares e os com ferimentos graves de acidentes e queimaduras.
Ao Novo Jornal, um dos responsáveis da administração deste hospital público de referência em Luanda, disse que o certo seria que as autoridades encerrassem completamente o Hospital enquanto decorrem às obras.
Entretanto, este responsável disse ainda que tal situação só não acontece devido ao défice nos serviços assistenciais que muitas unidades sanitárias têm a nível da província de Luanda e do País.
Contou também que as obras em curso no hospital atrapalham, claramente, os trabalhos clínicos naquela instituição.
Recentemente, continuou, devido às obras, partes das paredes dos quartos e salas começaram a cair, o que levou a desactivação de um dos edifícios e consequentemente alguns serviços.
Este responsável explicou que apenas para o internamento estão disponíveis perto de 100 camas, contra as 800 anteriormente.
Questionado se houve redução ou transferência de enfermeiros e médicos para outras unidades de saúde, em função de carência destes profissionais em muitas das unidades sanitárias, este responsável não soube precisar, pensa embora reconhecer haver necessidade.
"Essa é uma questão que o Ministério da Saúde deve analisar e resolver. Mas por enquanto, na verdade, trabalhamos limitados e congestionados em função das obras em curso", explicou, acrescentando que, "daqui a dois ou três anos, teremos um novo Hospital Américo Boavida e aí as coisas serão de facto outras e os pacientes melhor atendidos".
Ao Novo Jornal este responsável adiantou que o HAB já fechou muitos dos seus serviços, em função dos trabalhos de ampliação e reabilitação.
"A maioria dos nossos serviços e os pacientes foram transferidos para o Hospital Josina Machel (ex Maria Pia). O HAB de facto a beneficiar de uma obra profunda com a construção de mais quatro edifícios", salientou.
"Ainda que limitada, o Hospital Américo Boavida continuará em funcionamento", diz o responsável máximo da instituição
Em 2021, em declarações à imprensa, após a visita do Presidente da República, João Lourenço, aquela instituição sanitária, o director geral do Hospital Américo Boavida, Mário Fernandes, garantiu que a unidade continuará em funcionamento, ainda que limitado, durante as obras.
"É lógico que esta unidade não pode encerrar definitivamente, por estarmos numa zona que é central, mas alguns serviços de especialidade terão de sair para que amanhã possamos ter um hospital maior e melhor", argumentou na ocasião o responsável, facto que agora muitos profissionais negam não fazer sentido em função dos constrangimentos que as obras têm causado.
Naquele ano, o director confirmou a diminuição da capacidade do hospital, pelo facto de terem de fechar algumas enfermarias e serviços, em função de riscos de desabamentos e infiltrações.
Ao Novo Jornal várias pessoas, sobretudo utentes, disseram desconhecer as limitações do Hospital Américo Boavida, no que toca aos serviços, e são de opinião que as restrições sejam divulgadas para que os pacientes procurarem outras unidades sanitárias.
Apesar de conhecerem a existência das obras no hospital, estes utentes defendem que os serviços agora inexistentes devem ser comunicados, por escrito, logo à porta da instituição e são de opinião que a direcção divulgue.
Entretanto, como avançou esta manhã o Novo Jornal, um Jovem de 25 anos morreu na porta do HAB, após ter sido levado para aquele hospital, quando passava mal, e lhe foi rejeitado o atendimento pelos maqueiros e seguranças, sob argumento do que o hospital só está a receber pacientes transferidos de outras unidades sanitária.
Os familiares do jovem clamam por justiça e exigem responsabilização do hospital por negligência.
O custo das obras
Obras arrancaram em Janeiro de ano passado e o novo hospital será entregue em 2025, com o Governo a gastar 148,5 milhões de dólares
Em declarações à imprensa em 2022, o Presidente da República, João Lourenço, garantiu que, dentro três anos, o País vai ter um novo Hospital Américo Boavida. Isto em 2025.
Entretanto, o Governo vai gastar 148,5 milhões de dólares norte-americanos para pôr em prática, mediante um ajuste directo, o projecto de reabilitação, ampliação e apetrechamento do Hospital Américo Boavida, valor assegurado pela linha de financiamento do banco Inglês Standard Chartered.
Aos 148,5 milhões USD acrescem 739,7 milhões de kwanzas (1,2 milhões USD) para os serviços de fiscalização da empreitada. A obra para reabilitar o segundo maior hospital de Luanda, o HAB, vai custar mais 20 milhões de dólares do que a construção, de raiz, do Complexo Hospitalar General Pedro Maria Tonha "Pedalé".
O Américo Boavida, o segundo maior hospital de Luanda, esteve no epicentro de um vendaval de críticas em Maio, de 2021, quando surgiram várias imagens e vídeos na internet que mostravam a unidade de saúde a rebentar pelas costuras, com gente deitada no chão a aguardar vez nas urgências, situação que levou a ministra Sílvia Lutucuta a mudar a direcção da instituição, substituindo Agostinho José Matamba pelo cardiologista Mário Fernandes.