Em declarações ao Novo Jornal, os trabalhadores despedidos contaram que são demitidos, segundo a comissão de gestão, por ordem do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI), sem justificação plausível.
No entanto, asseguram que a direcção do Instituto Politécnico de Gestão, Logística e Transportes lhes deve, a uns dois e a outros quatro, anos de salários em atraso.
Berta do Santos, ex-chefe de recursos humanos da instituição, que também foi demitida, disse que os despedimentos começaram em finais de 2020, quando o IPGEST decidiu dispensar 13 trabalhadores que estão sem salários até agora e cujas indemnizações não foram pagas.
No dia 7 de Maio demitiram 17 nas mesmas condições, conta Berta dos Santos, afirmando que a instituição recebeu ordens do MESCTI para despedir o pessoal, sem os respectivos avisos.
Segundo Berta dos Santos, tão logo saiu o despacho, em 2020, a ordenar a transição da estrutura e do pessoal do ex-ISGEST, pertencente ao Ministério dos Transportes, para o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, como IPGEST, "eles fingiram não ver a tal ordem e tiram proveito da situação".
"Infelizmente estão a nos mandar para casa, há pessoas aqui que estão há mais de 12 anos na empresa e sem mais nem menos fomos mandados embora", explicou Berta do Santos, a ex-chefe de recursos humanos.
Andreia Manuel, que trabalhava na área académica, disse que foi demitida repentinamente, por isso quer que também sejam pagos os salários em atraso e a indemnização.
"Estamos há três anos sem os salários, de repente a nova direcção decidiu, do nada, nos mandar embora, mas nos devem mais de dois anos de salários, como fica a nossa situação?", questiona.
Segundo apurou o Novo Jornal, entre os dispensados estão quadros docentes, administrativos, serviços gerais e pessoal da área académica.
"Pela forma como fomos tratados, exigimos os nossos dinheiros. Não é justo ficarmos dois e três anos sem salário", disse Mateus Daniel, dos serviços gerais do IPGEST.
"Este mês começaram as injustiças, mandaram embora, maioritariamente, todo o pessoal antigo com mais de oito anos de trabalho", disse um docente que pediu o anonimato.
Adão Luciano, quadro administrativo, diz não entender como uma comissão de gestão pode expulsar mais de 20 funcionários com problemas de salários em atraso há mais de dois anos. "Isso só mostra de facto que há uma orientação superior como eles afirmam ter".
Sobre esta situação, o Novo Jornal procurou esclarecimentos junto do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, no entanto, um alto funcionário daquele ministério disse não ser da alçada do MESCTI abordar o assunto.
O Novo Jornal tentou, insistentemente, ouvir os pronunciamentos dos coordenadores da comissão de gestão do IPGEST, António Fernandes Júnior, e da Universidade de Luanda, Alberto Chocolate, ambos não se mostraram disponíveis.
O IPGEST é a nova denominação do ex- Instituto Superior de Gestão, Logística e Transportes (ISGEST) que pertenceu, até Outubro de 2020, ao Ministério dos Transportes, através do Conselho Nacional de Carregadores (CNC).
Actualmente pertence ao Ministério Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI), segundo o Decreto Presidencial número 285/20 de 29 de Outubro.