Uma das associações, a União de Moto-taxistas de Angola (UMA), além de ter na agenda encontros ao longo da semana para averiguar da disponibilidade dos seus associados para as eventuais medidas e tomadas de posição, aponta já para uma manifestação no próximo Sábado.

Augusto Mateus, que representa esta organização, ouvido pela Lusa, lamentou a escassa auscultação dos profissionais pelo GPL antes de avançar com esta medida, esclarecendo que são os associados que estão a exigir uma posição e o protesto do próximo Sábado é sinónimo disso mesmo.

"Vamos sair às ruas para mostrar o nosso descontentamento", acrescentou o presidente da UMA, sublinhando em tom de lamento que a sua associação não tenha sido ainda convidada para os encontros de esclarecimentos que o GPL tem promovido com outras congéneres, como a AMOTRANG, "apesar de o governo, da polícia e outras entidades terem conhecimento" da sua existência.

Mas isso pode ficar para trás quando os mais de 300 associados da UMA se fizerem ouvir nas ruas da capital angolana, onde, embora sem que se tenha uma informação exacta. São vários milhares os moto-taxistas que diariamente levam milhares de cidadãos por entre o trânsito caótico da hora de ponta e para os becos dos bairros onde não chegam as "quatro rodas".

A AMOTRANG

Por seu lado, como o Novo Jornal tem noticiado (ver links em baixo nesta página), esta preocupação é abrangente a toda a classe de moto-taxistas, incidindo as inquietações na proibição para breve de circulação nas grandes vias da capital a veículos ciclomotores, motociclos, triciclos e quadriciclos.

A Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (AMOTRANG), a maior organização profissional deste sector, e que também admite uma manifestação alargada, apela à calma e lamenta igualmente o facto de não ter sido chamada a participar nesta decisão do GPL e diz que a situação está muito complicada.

Ao Novo Jornal, o presidente da AMOTRANG, Bento Rafael, disse que não foram ouvidos pelo GPL sobre essa medida que contém erros graves.

Segundo a AMOTRANG, "a situação não está boa e muitos mosqueiros estão já com os ânimos exaltados".

"Lamentavelmente já há muitas correntes que falam em manifestação para os próximos dias e nós, nesta altura, apelamos à calma para evitar que haja alvoroço dos moto-taxistas", contou o presidente da associação destes profissionais.

Conforme a AMOTRANG, não são só os motoqueiros que estão incomodados com a postura do GPL, também muitos cidadãos que beneficiam deste serviço estão preocupados.

A Polícia Nacional...

Por sua vez, a Polícia Nacional assegura que irá interpelar todos, numa primeira fase, mas que saberá destingir quem são os moto-taxistas em exercício e aqueles que não são.

Entre as avenidas de circulação proibida estão a Avenida Fidel de Castro, Via Expressa, em toda a sua extensão, Dr. António Agostinho Neto, 5.ª Avenida, 4 de Fevereiro, 21 de Janeiro, Revolução de Outubro, Deolinda Rodrigues, Hoji Ya Henda, Sérgio Luther Rescova e Pedro de Castro Vann-Dunnem Loy.

Em Cacuaco, estão proibidos a circulação de "kupapatas" em toda a extensão da Estrada Nacional n.º 100. No Talatona, o GPL proibiu a circulação dos "kupapatas" no interior da Centralidade do Kilamba e KK 5000.

E a reacção política

Os partidos políticos da oposição alertaram esta quinta-feira, 07, o Governo da Província de Luanda (GPL) para ter "muito cuidado" face ao perigo real das medidas que tomou, proibindo a circulação de motociclos em algumas das principais vias da capital com o objectivo de melhorar a circulação e diminuir os acidentes, que totalizaram 768 no primeiro semestre do ano, virem a engrossar ainda mais o "exército" de desempregados no país.

Os partidos políticos da oposição alertaram esta quinta-feira, 07, o Governo da Província de Luanda (GPL) para ter "muito cuidado" face ao perigo real das medidas que tomou, proibindo a circulação de motociclos em algumas das principais vias da capital com o objectivo de melhorar a circulação e diminuir os acidentes., que totalizaram 768 no primeiro semestre do ano, virem a engrossar ainda mais o "exército" de desempregados no país.

A oposição diz que muitas das medidas que o Governo central já tomou são responsáveis pela escalada do desemprego em Angola e solicitam a inversão da actual tendência do seu crescimento.

A UNITA, na voz do seu secretário-geral, Álvaro Chikwamanga Daniel, diz que as medidas do GPL devem ser bem analisadas antes de implementadas para não sufocarem a vida das pessoas que exercem esta actividade, numa altura em que a situação socioeconómico do País inspira cuidados sérios.

"Eu tenho o exemplo de Cabo Verde onde estas medidas são um sucesso. Será que nós vamos conseguir", questionou o também deputado à Assembleia Nacional.

De acordo com este responsável da UNITA, todas as medidas que visam melhorar a circulação rodoviária são bem-vindas, mas chamou a atenção para a necessidade destas serem bem medidas nas suas potenciais consequências negativas.

"É nosso desejo ver a nossa cidade organizada. Mas o Governo deve encontrar outras soluções para criar condições de emprego. Se não houver cautela nestas medidas, vamos reforçar o exército dos desempregados", acrescentou.

O porta-voz da FNLA, Ndonda Nzinga, que também está preocupado com as medidas do GPL, disse ser necessário encontrar um mecanismo de lidar, de forma séria, com o problema da falta de emprego, sobretudo para jovens.

"É necessário analisar as consequências destas medidas no que diz respeito à restrição de circulação de motociclos em algumas das principais vias da capital. Se não forem bem tomadas, o desemprego vai aumentar", referiu.

O desemprego e a fome, segundo o político, são os principais problemas que Angola enfrenta e que devem ser prioridade para o Governo resolver.

Na opinião do líder da CASA-CE, Manuel Fernandes, o moto-táxi é alternativa ao emprego entre a juventude em todo o País, defendendo que com esta actividade, eles conseguem o seu "ganha-pão".

"O País está a ser campeão do desemprego, sobretudo no seio da juventude. Mais uma vez Angola dá péssimo exemplo de gestão para o País", disse, frisando que o desemprego está a gerar inúmeros problemas, geralmente de ordem social, económico e até mesmo psicológica, pois afecta a qualidade de vida das pessoas.

Segundo ele, o nível de desemprego no País se deve à falta de políticas sociais do Governo.

"É urgente reverter a actual situação de desemprego em Angola, porque o País dispõe de um conjunto de condições naturais, capazes de oferecer o bem e o melhor para todos", referiu.

O governador da província de Luanda, Manuel Homem, disse esta quarta-feira aos jornalistas que as medidas de restrição impostas à actividade de moto-táxi, em algumas zonas de Luanda, visam repor a ordem e a segurança.

"Queremos ter um trânsito melhor e com segurança, não queremos tirar o pão de ninguém e sim proteger a vida, porque temos verificado que andam mal e levam consigo pessoas", acrescentou Manuel Homem, salientando que cada cidadão deve ter consciência de exercer a sua actividade nos locais mais apropriados e seguros.