O SINMEA e o Ministério da Saúde (MINSA) rubricaram um acordo, no mês de Dezembro de 2021, que visava levantar a grave no sector da saúde, mas o sindicato queixa-se de incumprimento do acordado por parte do Governo.

O Novo Jornal soube de fonte do SINMEA que o prazo de 90 dias dado ao ministério termina no próximo dia 08 de Março e que a partir desse momento a possibilidade de ser retomada a greve é real.

Miguel Sebastião, secretário-geral do SINMEA, disse hoje à Radio Essencial que no fim do prazo o sindicato irá convocar uma assembleia de trabalhadores que vai deliberar se os profissionais da saúde retomam ou não a greve.

Segundo o secretário-geral do SINMEA, até agora tudo o que o MINSA fez não passou de teoria, porque, na prática, os médicos não sentem nenhum efeito, nenhum dos pontos do caderno reivindicativo foi tido em conta.

"Nesta assembleia, os colegas vão decidir se continuamos com à greve ou se iremos dar mais uma moratória ao Governo", avançou.

Conforme Miguel Sebastião, ainda à Essencial, dos pontos já acordados entre o SINMEA e MINSA nada está a ser cumprido e apontou como exemplo o pagamento das horas extra.

"As horas extra não estão a ser pagas, assim como os subsídios e as condições dos hospitais não se alteraram. Continuamos na mesma", explicou.

Conforme o sindicato, os médicos querem ver apenas o sistema de saúde melhor e que os profissionais sejam bem remunerados.

Para já, dos pontos do caderno de reivindicações, um deles dizia respeito ao presidente do sindicato, Adriano Manuel, que voltou ao seu posto de trabalho no Hospital Pediátrico David Bernardino.

O processo disciplinar foi movido contra o líder sindical por este denunciar à imprensa a morte de 19 crianças de um total de 24 no banco de urgência do Hospital Pediátrico David Bernardino, onde trabalhava, tendo sido transferido pelo seu director para o departamento dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde, decisão justificada com a necessidade de mobilidade de quadros.

De recordar que no dia 17 de Dezembro, do ano passado, as partes chegaram a entendimento. Os médicos concordaram com os 90 dias propostos pelo Ministério da Saúde para se rever o enquadramento dos médicos, saindo também do regime remuneratório normal para o especial.

Sobre este assunto, o Novo Jornal tentou sem sucesso ouvir explicações do Ministério da Saúde.

No último mês do ano passado, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, reafirmou a aposta no diálogo aberto e permanente com o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola, de modo a se resolver os problemas da classe.

A paralisação dos médicos em Dezembro do ano passado teve duração de duas semanas.