Contactado pelo Novo Jornal, o antigo embaixador Hermínio Escórcio, íntimo do jornalista há mais de 50 anos, apenas conseguiu dizer, emocionado, que perdeu um "amigo especial". Também o escritor Jacques dos Santos teve dificuldade em lidar com o desaparecimento de um companheiro de muitos anos, registando que esta é "uma enorme perda para Angola e o jornalismo angolano".
A informação do falecimento de Gustavo Costa, que nos últimos anos colaborava no Novo Jornal como cronista, começou a circular nas redes sociais ao início da madrugada e são muitas as homenagens deixadas no Facebook, quer por jornalistas seus contemporâneos, quer por jornalistas mais jovens que o tiveram como exemplo.
"Morreu o jornalista Gustavo Costa. Tinha 63 anos. A nossa relação profissional remonta ao ano de 1977 e ao Jornal de Angola", escreveu o também jornalista Reginaldo Silva na sua conta do Facebook.
"A morte do Gustavo Costa chocou-me profundamente. Não quis aceitar. Nutro grande admiração e eterna gratidão pelo Gustavo, referência ímpar do jornalismo angolano", assinalou o jornalista Albino Carlos.
"O Gustavo Costa era um gigante, uma referência em caixa alta. Um dos "monstros sagrados" do jornalismo angolano. Perdemos uma pena irretocável. Estamos de luto! Sentidos pêsames à família", escreveu Luísa Rogério, jornalista e presidente da Comissão da Carteira e Ética.
Fernando Pacheco, engenheiro fundador da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), também grande amigo do jornalista, diz tê-lo conhecido em 1978, quando Gustavo Costa "dava os primeiros passos no jornalismo".
"Foi uma amizade que foi crescendo, crescendo....Até hoje", afirmou, comovido.
"Há amizades que se fazem na juventudo e depois se perdem. Comigo e com o Gustavo foi o contrário. Foi crescendo, crescendo. Falei com ele na véspera, do País, da crónica que estava a escrever, e da reportagem que estava a fazer para o Expresso. É uma perda irreparável para Angola".
Do outro lado do oceano chegam também os elogios a Gustavo Costa. Nicolau Santos, actual presidente do conselho de administração da Rádio Televisão Portuguesa (RTP), conheceu-o quando era director-adjunto do semanário Expresso, semanário de que o jornalista angolano foi correspondente durante décadas.
Diz Nicolau Santos que Gustavo Costa tinha características muito importantes para o exercício da profissão: "a coragem, que o levava a investigar e a questionar, mesmo quando isso implicava risco; o profissionalismo, que o compelia a um enorme respeito pela ética e pela deontologia".
"Não era um justiceiro, que já parte para uma história com a certeza de quem são os bons e de quem são os maus. Ouvia, cruzava fontes, investigava", sublinha o PCA da RTP.
O terceiro atributo destacado pelo antigo director de Gustavo Costa é a grande tranquilidade do jornalista.
"Falava baixo, pausadamente, mas sempre muito acutilante, sem nunca deixar de questionar. Era muito agradável para quem falava com ele, e, também por isso, era fácil as fontes abrirem-se com ele".
Gustavo Costa iniciou-se no jornalismo na década de 1970, depois da independência, no "Jornal de Angola". Trabalhou igualmente no Jornal Desportivo Militar" e nos portugueses "Record" e "Expresso". Fez ainda alguns trabalhos para a BBC.
Fez parte da equipa que lançou o "Novo Jornal", de que foi director-adjunto, primeiro, e, director, depois. Foi galardoado com várias distinções, nomeadamente o Prémio Nacional de Jornalismo e o Prémio Maboque de Jornalismo.