Segundo apurou o Novo jornal, as razões culturais estão por detrás desta situação, o que preocupa as autoridades locais que já lançaram uma "forte campanha" de sensibilização junto das comunidades para desencorajar este comportamento.

"A administração municipal está a trabalhar com as autoridades tradicionais e igrejas para sensibilizarem a população das comunas de Icoca, Kuango e Alto Zaza, para se absterem desta prática condenável", disse uma fonte da administração municipal de Quimbele.

A fonte considerou graves as consequências do trabalho de parto feito fora das unidades especializadas, correndo-se o risco de colocar a mãe e o recém-nascido num sofrimento fatal.

"Já há relatos de casos de mortes em várias comunas, razão pela qual não se pode deixar de olhar para esta situação", acrescentou.

O especialista em obstetrícia Ramiro Kinanga apontou ao Novo Jornal os riscos de partos fora das unidades hospitalares, considerando que "pode ocorrer a retenção placentária ocasionando hemorragias, laceração de partes frágeis do períneo, podendo ocasionar hematoma anal e na bexiga, ruptura de colo uterino, atonia uterina, quando o útero não se contrai, causando hemorragia".

"O risco para o bebé prende-se com a falta de oxigenação durante o procedimento do parto, podendo levar a algumas deficiências motoras e neurológicas", disse o especialista, frisando que em ambientes hospitalares, quaisquer destes problemas são sanados de forma rápida.

Refira-se que o hospital municipal de Quimbele tem uma capacidade de internamento de 84 camas, possui áreas de consultas externas, ginecologia e obstetrícia, cirurgia, odontologia, laboratórios de análises, hemoterapia, bloco operatório, raio x, reanimação, medicina geral, planeamento familiar, materno infantil e uma morgue com 12 gavetas.

Com uma população estimada em 129 mil 396 habitantes, segundo os dados do censo realizado em 2014, o município de Quimbele, conta com 16 unidades sanitárias, entre postos e centros médicos, assegurados por 48 enfermeiros e quatro médicos.