O comité de urgência da Organização Mundial da Saúde (OMS) reúne-se esta quarta-feira para avaliar a epidemia do vírus Monkeypox (Mpox), anteriormente conhecido por "varíola dos macacos", em vários países africanos.

Esta reunião, que tem lugar em Genebra, foi convocada pelo director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na sequência do ressurgimento do Mpox este ano.

Tedros Ghebreyesus lembrou que a eclosão do surto da doença, também conhecida como mpox, ocorreu na República Democrática do Congo (RDC), com uma nova estirpe ("clade 1b"), e alastrou-se já a 15 países.

Desde Janeiro de 2022 foram registados 38.465 casos em 16 países africanos, com 1.456 mortes, incluindo um aumento de 160% dos casos em 2024 em comparação com o ano anterior, de acordo com dados publicados na semana passada pelo CDC África.

Depois da avaliação dos membros do comité de emergência, caberá ao director-geral a decisão final sobre se a doença será declarada emergência de saúde pública de interesse internacional, diz a OMS.

O actual surto envolve uma versão diferente do vírus da varíola dos macacos conhecida como clado 1, subtipo 1b, que está associada a uma taxa de mortalidade mais alta do que a do vírus clado 1, subtipo 2b, que foi predominante no surto anterior.

De acordo com a OMS, os surtos de varíola do macaco têm sido registados na RDC há décadas, mas o número de casos tem aumentado significativamente a cada ano.

Além de terem sido confirmados casos no Burundi, no Quénia, no Ruanda e no Uganda no mês passado, houve primeiros relatos de pacientes suspeitos em quatro países vizinhos do território congolês, ou seja, este ano, além de afectar a RDC, o clado 1 foi detectado na República Centro-Africana e na República do Congo. O clado 2 foi notificado em territórios dos Camarões, Costa do Marfim, Libéria, Nigéria e África do Sul.

Até agora, países como Quénia, Ruanda e Uganda registaram casos do clado 1. A variante do clado no Burundi ainda está a ser analisada, destacou Tedros Ghebreyesus na semana passada.

A OMS está a tentar "entender e abordar factores por detrás desses surtos" em parceria com os governos dos países afectados e com o Centro de África de Prevenção de Combate a Doenças, CDC, além de ONG, sociedade civil e outras entidades.

O objectivo, segundo o director da OMS, é interromper a transmissão, numa acção que "exigirá uma resposta abrangente, com as comunidades a desempenhar um papel central".

As recomendações permanentes da OMS sobre a varíola dos macacos desencorajam restrições de viagem aos países afectados e um plano de resposta regional orçado em 15 milhões de dólares para apoiar acções de vigilância, preparação e resposta.

A OMS anunciou ter autorizado a disponibilização de 1 milhão USD do seu Fundo de Contingência para Emergências para apoiar a ampliação da resposta, afirmando que prepara a disponibilização de mais dinheiro para acelerar a actuação nos próximos dias.

Duas vacinas contra a varíola dos macacos já foram aprovadas por autoridades reguladoras de países associados à OMS.

Para acelerar o acesso à vacina, a OMS diz que adoptou um novo processo para listagem de uso emergencial de ambos os imunizantes, especialmente para países de baixa renda que ainda não têm aprovação regulatória nacional.

Ver links em baixo sobre a evolução da epidemia do vírus Monkeypox (Mpox)