Uma nota das Nações Unidas informa que 13 operações humanitárias vão receber 150 milhões de dólares libertados pelo Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF, sigla em inglês), cabendo a Angola uma verba de 6 milhões.
Essa verba tem como destino o sul do País que "enfrenta seca extrema com milhares de vítimas" e "visa impulsionar a resposta a crises sub-financiadas", segundo o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.
A meta é, segundo a ONU, acelerar a solução dos problemas mais urgentes de comunidades vulneráveis.
O subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários destacou que a maior alocação de todos os tempos representa "uma tábua de salvação" para milhões de afectados.
E esse é o destino dos 6 milhões reservados às três províncias angolanas (Cunene, Huíla e Namibe), onde, de acordo com um relatório do Governo, de 16 de Dezembro, realizado pelo Departamento Nacional de Segurança Alimentar, da Direcção Nacional de Agricultura e Pecuária (DNAP), do Ministério da Agricultura e Pescas, "a assistência humanitária, até à próxima colheita, é uma acção necessária para evitar o agravamento da insegurança alimentar aguda das comunidades".
O relatório do Governo mostra que a seca verificada nos últimos dois anos agrícolas, o contexto de crise económica desde 2014, o aumento do custo de vida e a pandemia da covid-19, desde Março de 2020, resultaram no actual contexto de insegurança alimentar aguda nas três províncias.
De acordo com o documento, a escassez de colheitas afectou gravemente o acesso das pessoas aos alimentos na região sul de Angola, com forte vocação agro-pecuária, agravando o estado nutricional da população.
"Com a tendência de redução acelerada das reservas alimentares, a situação tende a evoluir para o nível de crise alimentar, como revelam os dados apresentados no quadro", alerta o documento.
A escassez de chuvas e efeitos recorrentes da seca, que reduziram significativamente a produção agrícola, a principal fonte de alimentos dos agregados familiares das zonas rurais, e causou perda de animais por falta de pasto e água, o aumento generalizado dos preços dos alimentos e a praga de gafanhotos em algumas comunidades são também citados como alguns dos factores da actual situação.
O relatório alerta igualmente para o facto de 11.400 crianças, entre os 6 e 59 meses sofrerem ou poderem vir a sofrer de desnutrição aguda nos próximos 12 meses em 10 municípios das três províncias.