A ACNUR afirma, em nota de imprensa, que o Plano Regional de Resposta a Refugiados da RDC (RRRP) precisa de 585 milhões de dólares para "manter, aumentar e melhorar programas para proteger, educar, apoiar meios de subsistência e fornecer alimentação, saúde e nutrição, abrigo, água potável e saneamento".

Esta necessidade de financiamento surge devido às crescentes necessidades, bem como o aumento da pressão sobre os recursos em países que hospedam refugiados congoleses.

"Por mais de uma década, a RDC - um país que sofreu uma das mais difíceis e duradouras crises humanitárias na África - gerou centenas de milhares de refugiados que estão a ser generosamente hospedados em todo o continente africano, incluindo Angola (23.458), Burundi (79.662), República do Congo (19.791), Ruanda (74.696), Uganda (573.406), República da Tanzânia (78.571) e Zâmbia (58.911) ", lê-se no comunicado.

Citado na nota, Valentim Tapsoba, director do escritório da África Austral do ACNUR que desempenha o papel de coordenador regional de refugiados para a situação da RDC, afirmou que a pandemia da covid-19 veio também acrescentar "mais uma camada de vulnerabilidade às necessidades de protecção e assistência dos refugiados e requerentes de asilo congoleses".

"Os parceiros do RRRP adaptaram a programação ao contexto da covid-19 para manter os serviços de protecção crítica e outras formas de assistência para salvar vidas, ao mesmo tempo em que aumentam a assistência específica para os mais afectados pela pandemia", salienta no comunicado o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

O Plano Regional de Resposta a Refugiados da RDC, refere a nota, promove a inclusão de refugiados nos sistemas nacionais e procura fortalecer a auto-suficiência por meio da educação, formação e oportunidades de sustento de apoio para as comunidades de refugiados e de acolhimento, de modo a reduzir a dependência da assistência humanitária.

"Através do RRRP, não estamos apenas a expressar as necessidades urgentes e de longo prazo dos refugiados congoleses, mas também exortamos os parceiros novos e existentes, as partes interessadas e outros actores importantes, a juntarem-se a nós na renovação do nosso compromisso colectivo de fornecer soluções abrangentes e duráveis para refugiados da RDC", apelou Valentim Tapsoba.

A ONU agora classifica partes da RDC como uma emergência de nível 3, o nível mais alto, o que indica a necessidade urgente de ampliar a assistência prestada.

A ACNUR lembra que a situação humanitária da República Democrática do Congo "é uma das mais complexas e desafiadoras em todo o mundo" de vido aos múltiplos conflitos que afectam várias partes do vasto território do país.

As esperanças de paz aumentaram com o fim de uma longa e dispendiosa guerra civil em 2003, mas a nação vive ondas esporádicas de conflito, especialmente em Kivu do Norte, onde o impacto da violência generalizada e da anarquia persiste. Milhares de civis voltam a lutar pela sobrevivência.

Embora muitas pessoas tenham regressado à região de Kasai, é comum encontrarem membros da família mortos e suas propriedades, negócios e escolas em ruínas. As violações dos direitos humanos ainda são generalizadas e incluem mutilações físicas, assassinatos, violência sexual, prisões arbitrárias e detenções em condições desumanas. Hoje, mais de 896.000 pessoas permanecem deslocadas dentro da região de Kasai.

Além dos conflitos que forçaram milhares de congoleses a deixar as suas casas, o país também possui mais de meio milhão de refugiados de países vizinhos e continua a receber pessoas do Burundi, República Centro-Africana e Sudão do Sul.