Após milhares de partilhas do vídeo em que o académico e político do MPLA aparece estatelado na estrada, após ser baleado, este caso ganhou dimensão de preocupação nacional e voltou a lançar dúvidas sobre as garantias de segurança na cidade de Luanda repetidamente feitas pelas autoridades.
O chefe do departamento de comunicação institucional e imprensa do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente, Nestor Goubel, disse que o professor e reitor da Universidade Gregório Semedo foi abordado por elemento a bordo de uma motorizada, com recurso a arma de fogo, e dispararam sobre os membros inferiores da vítima.
Segundo a PN, Laurindo Vieira chegou já sem vida à unidade de saúde para onde foi socorrido por populares, depois de ter perdido muito sangue devido ao local do ferimento, uma artéria vital.
A polícia não sabe, por enquanto, precisar se o académico saía de facto de uma instituição bancaria, na rua do Patriota, mas assegura que trabalha para o esclarecimento deste caso que abalou Luanda esta quinta-feira, estado assim em aberto as circunstâncias desta morte, porque alguns relatos apontam para um assassinato sem ocorrência de assalto, deixando dúvidas sobre as motivações por detrás do crime.
Pessoas próximas à família de Laurindo Vieira, incrédulas, disseram à TV Zimbo que o académico não sofreu qualquer assalto, pois os autores deste episódio, estranhamente, nada levaram.
Várias pessoas, sobretudo nas redes sociais, asseguram ser morte encomendada, estando este rumor a ser alimentado pelo facto de uma nota interna da PN que surgiu em público identificar Laurindo Vieira, que é dirigente do MPLA, como membro da "secreta" militar, os Serviços de Inteligência e Segurança Militar (SISM).
O facto dos autores apenas dispararem à queima-roupa contra o também sociólogo e comentador da TV Zimbo, particularmente do espaço "revista zimbo", sem qualquer roubo, está a ser encarado pela população como estranho.
Todavia, o facto de o disparo ter sido dirigido para a perna pode indiciar antes que os autores do crime pretendiam neutralizar a vítima para efectuar o roubo mas algo inusitado levou-os a fugir do local.
Isto, porque não só é mais difícil, se a intenção for provocar a morte, atingir a veia principal da perna, como disparar contra a cabeça ou o coração da vítima é mais evidente e fácil para atingir esse fim.
Nestor Goubel, o porta-voz da PN em Luanda, assegura que estão em curso diligências conduzidas por especialistas da DIIP, SIC e dos Serviços de informação policial, no sentido de localizar aos autores e responsabilizá-los criminalmente.
Os alegados autores foram filmados quando deixavam o local numa motorizada e depois, também nas redes sociais, surgiu um segundo vídeo, identificando dois transeuntes numa motorizada como os assassinos, sendo, no entanto, pessoas diferentes, o que motivou a admissão da possibilidade de estar em curso uma estratégia para confundir os investigadores.
Mortes somam-se naquela zona de Luanda
Laurindo Vieira é a terceira vítima mortal em menos de um mês, na via do Patriota, no município do Talatona.
Os três homicídios ocorreram em circunstâncias idênticas e com o mesmo "modus" operandi", e todos foram feitos à luz do dia e com recurso a arma de fogo.
Uma das razões para esta realidade é a fraca cobertura através de câmaras de vigilância controladas pelas autoridades nesta zona da capital angolana.
Até ao mês de Dezembro último, a Polícia Nacional assegurou ser calma e estável a situação de segurança pública em Luanda.
Segundo o director da Direcção de Segurança Pública e Operações da PN, comissário Orlando Bernardo, a situação é calma e controlada a nível do território nacional, realidade confirmada pelos números de crimes registados e em decréscimo nos últimos anos.
Entretanto, em função dos recorrentes assaltos em Luanda e não só, muitos cidadãos discordam ser esse o quadro real na capital.
Laurindo Vieira, era formado em Psicologia e Sociologia, foi um académico que se tornou mais conhecido depois de assumir a cadeira de comentador na TV Zimbo, foi reitor da Universidade de Luanda e, até à data da sua morte, exercia funções de reitor da Universidade Gregório Semedo.
Natural da província do Uíge (Dange-Quitexe), Laurindo Vieira começou o seu percurso como professor universitário no ISCED de Luanda.
Em nota de condolências, que o Novo Jornal deve acesso, a Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, assegura que o professor Laurindo Vieira foi um académico que dedicou a sua vida à educação, que a sua morte enluta não somente a família, mas toda a comunidade académica.