Esta vacina produzida em Portugal por uma equipa de investigadores do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa começa nos próximas dias a ser testada em humanos num laboratório da Holanda e consiste na inoculação de voluntários através de mosquitos contaminados com o parasita Plasmodium berghei, que infecta roedores mas que foi geneticamente modificado para servir de teste em pessoas.
O líder da equipa de investigadores portugueses, Miguel Prudêncio, explicou que esta vacina não está a ser testadoa com recurso a um dos parasitas que contamina o Homem, como o Plasmodium falciparum, o mais grave dos cinco tipos, mas sim com o Plasmodium berghei, que infecta exclusivamente roedores mas que foi alterado geneticamente por forma a provocar a reacção esperada no sistema imunitário humano.
Os resultados da sua eficácia só serão conhecidos dentro de um ano, mas está a ser considerado como mais um patamar alcançado nesta batalha global contra a malária (paludismo), uma das doenças que mais mata no mundo e aquela que é a causadora do maior número de fatalidade anuais em Angola, com mais de 14 mil em 2015.
Nos testes a realizar na Holanda para verificar a exequibilidade desta vacina vão estar envolvidos 18 voluntários, que vão receber múltiplas picadas do mosquito, de tipo Anopheles, na última etapa da investigação que começou em 2010.
Até agora, segundo a equipa de investigadores portugueses, os resultados em animais são promissores a ponto de terem colhido a atenção da organização mundial que gere os esforços para criar este tipo de vacina, a Iniciativa para uma Vacina da Malária (Malaria Vaccine Initiative), que contribuiu com um montante superior a três milhões de dólares para a pesquisa que conduziu aos ensaios clínicos prontos a para arrancarem na Holanda.
Actualmente existe apenas uma vacina aprovada no mundo, a RTS, de 2015 e requer um número elevado de doses, quatro injecções em média, apresentando baixa eficácia e efeitos secundários que levaram a OMS a desaconselhá-la para crianças de tenra idade.
Este medicamento profiláctico vai mesmo ser introduzido já em 2018 em três países africanos, o Gana, o Quénia e o Malawi.
Apesar de existirem dúvidas sobre a sua eficácia generalizada a todos os parasitas da malária, a OMS estima que esta vacina possa salvar milhares de vidas todos os anos.
Um dos contras apontados ao medicamento é que este precisa de três aplicações via injecção nos primeiros três meses e depois uma quarta ao fim de 18 meses.
A sua dispersão global, no entanto, só será realidade se a OMS concluir que estes testes no terreno, o chamado laboratório real, provam a sua eficácia, por exemplo, em países com baixos índices sanitários, que são aqueles onde faz mais falta devido a elevada letalidade da malária e a escassa resposta dos sistemas de saúde existentes.