Se nos humanos há vários tipos de inteligência, também no reino animal a inteligência dilui-se por diversas perspectivas, mas os elefantes podem ter "dado" um passo evolutivo que só existe, pelo menos até onde a ciência chega, na espécie humana.

Os elefantes africanos tratam-se uns aos outros pelo nome.

Isso mesmo ficou demonstrado num estudo publicado inicialmente no Nature Ecology and Evolution journal e desenvolvido por cientistas norte-americanos que usaram grupos de paquidermes do Quénia para testar esta possibilidade.

E daí resultou a demonstração inequívoca de que estes gigantes simpáticos chamam os amigos e familiares com diferentes bramidos, nunca repetindo os mesmos sons dirigidos a diferentes indivíduos.

Esta descoberta não deixa apenas em evidência que os elefantes não usam apenas vocalizações específicas para cada indivíduo, mas como reconhecem e reagem quando são chamados, ignorando os bramidos dirigidos a outros.

Segundo um dos autores do estudo, Michael Pardo, citado pela BBC, os elefantes são os únicos seres vivos que partilham com os humanos a capacidade de "inventar nomes" para os seus amigos e conhecidos.

Este estudo foi desenvolvido em diferentes etapas mas começou em 1986 no Parque Nacional de Samburu, e terminou no Parque Amboseli, em 2022, mostrando que, tal como nos humanos, os elefantes procuram ensinar as "crianças" os nomes dos familiares mais próximos desde tenra idade.

Sobre a pergunta inevitável ao chegar a este ponto, que é se um dia podermos, através de um mecanismo de tradução, como já existem aplicações para isso entre "nós", falar com elefantes, os investigadores por detrás deste estudo dizem que eventualmente um dia.

Mas, para já, está-se na fase de tentar perceber se os indivíduos são baptizados com elementos do dia a dia das manadas, como locais ou alimentos, rios... como acontece com os humanos, ou inventaram outra forma para o efeito.

Mas há uma coisa que é certa e segura, como sublinha o igualmente co-autor George Wittemyer, se um dia isso for conseguido, nada será como dantes no esforço global de protecção destes magníficos seres.

E isso levará, inevitavelmente, a que o mesmo suceda com outros, igualmente em risco de extinção, como baleias, golfinhos, gorilas, orangotangos, chimpanzés... polvos ou muitas das muito inteligentes espécies de aves, etc.

Sobre os elefantes e Angola, o país conta actualmente com perto de 3.500 indivíduos, depois de milhares terem sido chacinados ou fugido do país durante a guerra, sendo que na década de 1960 estavam registados mais de 70 mil no país.

Muitos estão a voltar, especialmente da Namíbia e do Botsuana, na maior parte liderados por velhas fémeas que ainda se lembram dos tempos em que a transumância era feita entre estes países em liberdade e sem risco de maior.