Professora de História, sendo igualmente técnica superior de Arquivos, Kâmia Madeira, 43 anos, entrou para o «universo BAI», em 2012, na qualidade de coordenadora da biblioteca da Academia BAI. Em pouco menos de uma década, saltou para a comissão executiva da referida academia e também da Fundação BAI, sendo hoje a administradora executiva que trata da responsabilidade social de ambas as instituições.

Na Fundação BAI, por exemplo, a responsabilidade social assenta em quatro pilares, designadamente educação, saúde, cultura e desporto. Neste domínio, explica Kâmia Madeira ao Novo Jornal, foram programados, em 2022, um total de 42 projectos, os quais tiveram uma execução na ordem dos 60%.

No que toca ao impacto na sociedade, estima-se que, só em 2022, tenham sido abrangidas directa e indirectamente mais de 82,1 mil pessoas, sendo 65,6 mil nas actividades da própria Fundação BAI e 16,5 mil em projectos apoiados. Na globalidade, nestes projectos, quanto ao tipo de beneficiários, 23% é referente a estudantes de vários níveis de ensino, 19% ao público em geral, outros 19% a profissionais e 13% a jovens e crianças.

Capacitar mulheres em negócios

Nos quatro pilares de actuação da Fundação BAI, as mulheres, além de poderem ser abrangidas pelas iniciativas de âmbito geral, são especificamente beneficiadas por um projecto que responde pelo nome de Formação Profissional de Capacitação de Negócios, vulgo Projecto Zungueiras, por serem preferencialmente elas o público-alvo.

Tendo como objectivo o combate à pobreza e à exclusão social, o Projecto Zungueiras identificou três instituições que, ao longo deste ano, vão organizar acções de formação sobre literacia financeira em Luanda, Huíla e Bié. Em resumo, de acordo com Kâmia Madeira, que se socorre da experiência relatada por grupos de mulheres participantes de outras actividades da fundação, as sessões de formação resultam do facto de haver sinais de que a venda ambulante é, muitas vezes, consequência da falta de estruturação ou de conhecimento para melhor organização do negócio.

Com a formação, as vendedoras de determinados produtos recebem técnicas que as farão reavaliar o seu âmbito de actuação, deixando, por exemplo, de calcorrear a cidade e dirigindo-se a locais/zonas concretos onde, segundo pesquisas previamente elaboradas, está comprovado haver maior possibilidades de venda.

"Ela [a zungueira] deixa de vender a sua mercadoria na rua, exposta, e passa, com um conhecimento mínimo, a ter outro tipo de clientes e de valorização enquanto profissional, fazendo crescer o seu negócio", diz Kâmia Madeira, acrescentando que, para a Fundação BAI, esta capacitação de negócios não pretende limitar-se à transmissão de conhecimentos financeiros.

"Visa, também, uma valorização, um reconhecimento do trabalho das zungueiras e uma possibilidade de lhes mostrar que, mudando um bocadinho aqui e ali, podem fazer diferente", reforça.

Com a perspectiva de materialização já neste ano, prevendo-se abranger pelo menos mil mulheres, o projecto já tem concluídos os editais, assim como a abordagem às instituições interessadas, tendo sido já seleccionadas as que ajudarão a tirar a iniciativa do papel para a prática, como a Associação de Apoio às Mulheres Angolanas Vítimas de Violência Doméstica - AMAVIDA ou a Associação das Instituições do Ensino Superior Privado Angolano (AIESPA), mediante avaliação de um júri.

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