"Estou muito triste e bastante desolado, porque esta acção dos criminosos resultou na morte da minha esposa. E podem entender que não é fácil neste momento aceitar isso pela forma hedionda como ocorreu, assim como também não é fácil aceitar ser pai e mãe dos meus filhos agora", afirmou em declarações exclusivas ao Novo Jornal.

"O caso aconteceu muito recentemente e a tristeza nos acompanha. Nós todos os dias recordamos a Cristina e choramos, espero que a justiça seja feita, e que todos os marginais paguem pelo crime cometido", apelou o político do MPLA, que reforçou que os homicidas da sua esposa foram muitos cruéis por deixarem os seus filhos órfãos.

O móbil do crime, até agora, não foi divulgado, porque os marginais não levaram nenhum bem do interior da residência e um dos veículos que retiraram do quintal da habitação foi encontrado a 200 metros do local do crime.

"A Cristina foi uma enfermeira que trabalhou no Américo Boavida, dedicou-se sempre a salvar vidas, a nossa família está desestruturada, em alguns aspectos vamos começar do zero. A minha filha caçula e outros irmãos viram a mãe a ser assassinada, podem imaginar como estão traumatizados e precisam de assistência de psicólogos para ver se podem de alguma forma superar esse trauma que não será fácil para o pai e não será fácil para os meus filhos também", descreveu.

Questionado se o assassinato da sua esposa teria a ver com uma encomenda para o matar a si, o secretário do provincial do MPLA na província do Bengo respondeu que não pode tirar nenhuma conclusão precipitada e acredita que as autoridades competentes vão fazer esse trabalho.

"É do meu maior interesse saber de facto qual era o objectivo deste crime, se era apenas para subtrair valores monetários, ou então eliminar fisicamente uma entidade", afirmou, salientando que, na noite fatídica, no interior de sua residência, não havia dinheiro.

"Quero saber porque é que apareceram oito elementos bem armados em minha casa e nós temos seguranças, temos também outros mecanismos em casa, de facto queremos que este crime seja esclarecido", finalizou.

Segundo a investigação do SIC-Luanda, os oito elementos confessaram ser os autores de mais dois homicídios voluntários por disparo de arma de fogo e por espancamento e da prática de crime de roubo qualificado concorrido com ofensas corporais graves.

"Pesam sobre os elementos dois crimes de homicídio voluntário e um de roubo qualificado concorrido com ofensas corporais graves. Todos ocorridos no bairro Boa Esperança. O primeiro aconteceu no dia 08 do mês de Maio, sendo vítima um cidadão de nacionalidade vietnamita, de 52 anos, conhecido por Vun Van An, morto por disparo de arma de fogo. O segundo caso ocorreu no dia 14 do mesmo mês, em circunstâncias idênticas, quando os homicidas confessos assaltaram uma habitação e espancaram até à morte o proprietário da mesma", disse ao Novo Jornal o porta-voz do SIC-Luanda, superintendente-chefe Fernando de Carvalho.

O responsável referiu ainda que o terceiro caso ocorreu também no mês de Maio, por disparo de arma de fogo, caracterizado por roubo qualificado concorrido com ofensas corporais graves, "quando os elementos praticaram um assalto à mão armada e dispararam contra o proprietário da habitação, tendo-o deixado ferido com gravidade".

"O líder dessa associação criminosa tem passagem pela polícia tendo sido detido e solto três meses antes de praticar o assassinato de Cristina Armando Kizala", explicou Fernando de Carvalho.