Esta situação ocorreu, segunda-feira,11, na base da TCUL, em Viana, de forma a impedir a circulação destes meios por algumas horas e despertar a atenção do Governo sobre o "mar" de problemas existente na empresa, contaram alguns funcionários ao Novo Jornal.
Os dois trabalhadores são ainda acusados de terem bloqueado o portão de saída dos autocarros, na base de Viana, para inviabilizar a passagem dos veículos programados para a prestação de serviço público.
Segundo apurou o Novo Jornal junto dos funcionários da empresa, os dois funcionários tiveram esta conduta para persuadir a direcção TCUL a pagar o bónus que os funcionários têm direito.
Contam ainda que "os colegas confessaram ter agido por vontade própria e que pretendiam chamar a atenção do Executivo sobre os inúmeros problemas e insatisfações que os funcionários da TCUL têm".
Segundo os trabalhadores, o Governo atribuiu bónus às empresas de transportes públicas, incluído a TCUL, mas tal bónus não lhes é entregue há meses.
"Os trabalhadores da UNICARGA, Caminhos-de-Ferro de Luanda receberam o bónus e nós a nível da TCUL não recebemos porque a direcção assim entende", contaram um membro da comissão sindical da empresa.
Segundo este sindicalista, apenas faltou paciência e prudência aos colegas que agiram de forma individual em nome dos trabalhadores, mas realçou, no entanto, que dessa posição a comissão sindical vai apresentar à direcção da empresa, nos próximos dias, uma declaração de greve, pese embora admita dificuldades em função dos últimos acontecimentos.
Entretanto, o Serviço de Investigação Criminal (SIC-Luanda) apresentou os dois funcionários detidos ao juiz de garantia do comado municipal de Viana da Polícia Nacional, que lhes aplicou a medida de prisão preventiva, em função da gravidade dos factos.
Fernando Carvalho, porta-voz do SIC-Luanda, disse ao Novo Jornal que os efectivos do SIC encontraram, após investigação, no interior do parque de estacionamento, as 148 chaves dos autocarros num saco de plástico enterrado num monte de brita na base da TCUL em Viana.
Em declarações à imprensa, o presidente do conselho de administração da TCUL, Catarino César, considerou a atitude como sabotagem e assegurou que há nada que justifique acção.
"O próprio sindicato repudiou esta acção. Então, acreditamos que existam outras motivações", disse o PCA, considerando normal o descontentamento dos funcionários.
"É normal existir descontentamento, mas que se crie um caderno reivindicativo e se negoceie com a entidade empregadora, mas não se pode tomar esta atitude criminosa", explicou.
Apesar dos autocarros terem ficado bloqueados nas primeiras horas de segunda-feira, a situação nas paragens normalizou poucas horas depois, em função dos desbloqueios de 83 autocarros, dos quais dois foram alvos de vandalização por parte da população de Viana, alegadamente pelo tempo de espera.
O Novo Jornal sabe que alguns elementos do SIC continuam na empresa e isso está a criar melindre entre os funcionários.