A TCUL garante que não irá renovar contratos porque os mesmos apresentam baixa produtividade, outros roubaram receitas e alguns destruíram os autocarros da empresa.
Ao Novo Jornal, os visados negam as acusações da direcção da empresa e atestam que se trata de má-fé dos novos administradores da TCUL e garantem que os mesmos têm feito admissões e enquadramento de forma não transparente a outras pessoas.
Sob anonimato, os trabalhadores recrutados na época da greve dos funcionários efectivos disseram que, aquando do período da greve, a direcção prometeu-lhes enquadramento nos quadros da empresa na altura da celebração dos contratos, facto que agora se nega a cumprir.
"Somos motoristas e cobradores contratados pela TCUL para trabalhar em 2021 naquele momento difícil que a empresa atravessava. A direcção prometeu-nos enquadramento. Até despediu muitos funcionários efectivos que aderiram à greve, na altura, com a promessa de que seriamos os contratados", descrevem.
Segundo estes colaboradores, alguns colegas recrutados durante essa época foram enquadrados na empresa de forma não clara, o que quer dizer que há "padrinhos na cozinha".
Os visados contaram que estão a ser descriminados e injustiçados pela direcção da empresa que se nega a cumprir o que foi prometido na hora contratação em 2021.
Sobre o assunto, o administrador para a área técnica da TCUL, Eliseu Machado, confirmou que de facto a empresa contratou pessoal durante o período da greve para substituir vários funcionários que se recusavam a trabalhar invocando a greve que a direcção da TCUL considerou como sendo ilegal.
Em declarações à Rádio Luanda, na passada semana, o responsável disse que os mais de 50 trabalhadores não cumpriram com aquilo que a entidade patronal exigiu, que tem a ver com apresentação de receitas.
"Muitos tiveram a produtividade muito baixa, outros roubaram as receitas e alguns acidentaram os autocarros. A TCUL teve com esses trabalhadores um contrato que já terminou", explicou.
Segundo Eliseu Machado, os contratados apresentaram indicadores negativos o que fez com que a empresa não renovasse os contratos com esses 57 colaboradores.
"Foi somente isso que aconteceu. Não se trata de existir má-fé da direcção da empresa", concluiu.
De recordar que em Maio do ano passado, os grevistas denunciaram que a direcção da TCUL recrutou mais de 300 pessoas para substituírem funcionários que no final de Abril de 2021, participaram da greve, exigindo melhores condições de trabalho e aumento de salários.
Conforme estes funcionários, após terem levantado a greve, mais 200 trabalhadores efectivos foram despedidos.
O Sindicato da TCUL não concorda com a não renovação dos contratos dos trabalhadores recrutados no período da greve
O coordenador do sindicato dos trabalhadores da TCUL, João Lourenço, disse ao Novo Jornal que faltou bom senso por parte da direcção, visto que os funcionários recrutados vieram acudir à TCUL no período de greve.
"Não é depois de seis meses que a empresa vem dizer não. Na sua maioria são mandados embora pelo factor idade, e isso não é bom. Deviam acautelar isso durante a contratação", contou.
Segundo João Lourenço, muitos jovens recrutados naquele período são enquadrados e continuam a trabalhar.
Quanto à situação da baixa produtividade, o coordenador do sindicato dos trabalhadores da TCUL não concorda e assegura que a mesma não colhe.
"Na TCUL,se o assunto for roubo das receitas e baixa produtividade, não sobra ninguém", avisou.