Os alunos pretendem realizar, nos próximos dias, uma manifestação, para exigirem dos responsáveis da Faculdade de Engenharia melhorias de condições no ensino, mas denunciam que estão a ser intimidados pela instituição.

Sob anonimato e com medo de represálias, os universitários contaram ao Novo Jornal que a situação tem vindo a complicar-se nos últimos meses, por estarem próximos do fim do ano lectivo e ainda não terem recebido aulas das cadeiras chave do curso, e, por isso, temem reprovações.

"Estamos insatisfeitos com a falta de professores, praticamente só temos dois professores a darem aulas em todos os cursos de engenharia. Os que temos não leccionam praticamente, apenas nos dão fascículos para estudarmos e ficam mais de três meses sem aparecerem na faculdade", contaram.

Conforme os estudantes, a direcção da instituição nada faz para resolver esta situação que, segundo contaram, já se alastra há vários meses.

"Não temos professores em várias disciplinas, sendo cadeiras chave, e ninguém nos diz nada. O ano lectivo está no fim e até aqui estamos sem saber o que fazer, isto é um problema recorrente da Faculdade de Engenharia que nos tem prejudicado muito", expuseram.

Segundo os discentes, um grupo de estudantes pretendia realizar uma manifestação esta segunda-feira,31, mas por intimidação da reitoria muitos, com medo de sofrerem represálias, acabaram por desistir e a mesma ficou sem data.

No entanto, os estudantes asseguram que não vão deixar que sejam intimidados por cima dos seus direitos e prometem que nos próximos dias irão avançar com os protestos no interior do campus universitário.

Os alunos temem que lhes seja anulado o ano lectivo por falta de professores ou devido a reprovações.

Um estudante bolseiro do curso de engenheira mecânica contou ao Novo Jornal que está amargurado pelo facto de não ter, há vários meses, aulas das cadeiras de Análise Matemática e Introdução a Computador de Programação, disciplinas chave do curso, e que cuja reprovação pode implicar a perda da bolsa.

"Esta disciplina está sem professor, assim vão nos reprovar mesmo e perdemos a bolsa? Meus senhores, que culpa temos?", lamentou o jovem, que também preferiu não ser identificado e acrescentou "eles podem nos obrigar a repetir um semestre ou o ano todo. Porque era previsto que nesta altura tínhamos quadro cadeira a funcionar, infelizmente só estudamos numa única cadeira e não sabemos se vamos aprovar ou reprovar nas cadeiras que não têm professores".

Entre muitas reclamações, os estudantes ressaltam também a inexistência do transporte que os leva do portão do campus para a faculdade, uma situação que dizem estar a dificultar a vida estudantil há mais de dois meses.

O Novo Jornal certificou, no local, que os estudantes caminham quase dois quilómetros a pé, isto é, do portão do Campus até à faculdade, e realçam que muitas vezes têm sofrido assaltos, por essa razão fazem a caminhada em grupos.

Sobre o assunto o Novo Jornal tentou o contacto com a decana da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto, Alice Ceitas, para o devido esclarecimento, mas não obteve resposta.

No entanto, o vice-reitor para a área académica da mesma faculdade, Domingos Margarido, em declarações à Rádio Nacional de Angola (RNA), disse que as contratações de novos professores para Faculdade de Engenharia dependem de um concurso público.

"O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação é quem deve contratar os professores, não há concurso ainda púbico, por isso nós, reitoria, não podemos fazer nada", afirmou.

Domingos Margarido disse que só é da responsabilidade das faculdades a gestão dos professores e dos cursos.