A situação da desistência pode levar a reitoria da Universidade Kimpa Vita, nos próximos tempos, a encerrar alguns cursos no período pós-laboral.

Em declarações ao Novo Jornal, alguns estudantes do período nocturno dizem que têm passado por muitas dificuldades para chegar ao Campus Universitário e que há muitas desistências de alunos em função de não existirem serviços de táxi na zona, pelo facto de as vias de acesso estarem degradadas.

António Mendes, estudante do 3.ª ano, da Faculdade de Economia, disse que muitos dos seus colegas, com meios de transportes, desistem dos estudos por conta das más condições da via de acesso e de iluminação pública que nunca existiu.

"Está cada vez mais vazio o período pós-laboral, muitos dos colegas preferem trocar de universidades e outros estão a anular o ano académico, por estas razões", descreveu.

Afonso Pedro, que frequentava o curso de engenharia informática, no Instituto superior Politécnico, da Universidade Kimpa Vita, disse que preferiu suspender os estudos por ter muitas dificuldades para chegar ao Campus.

O jovem, residente na cidade do Uíge, contou que danificou a sua viatura várias vezes e que encontram muitas dificuldades para se locomover.

"Quando um dia estiver resolvido o problema das vias de acesso regresso. Por agora não encontro alternativas para aquele caminho", disse.

Entretanto, o Novo Jornal apurou que em função das dificuldades que os estudantes têm, face às más condições das vias de acesso, e do número de alunos que abandonam os estudos, há cursos que correm o risco de encerrar.

Sobre o assunto, Augusto Lunganga, o director do gabinete de informação científica e documentação da Universidade Kimpa Vita, disse ao Novo Jornal que a reitoria da universidade tem o domínio da situação e reconhece, de facto, existirem muitas dificuldades para se chegar ao Campus Universitário.

Segundo este, face a essas dificuldades, muitos estudantes pedem transferência para outras instituições de ensino superior privado.

"Eles não desistem, mas sim solicitam transferências para outras instituições", argumentou.

Augusto Lunganga reconheceu que um número considerável de alunos estão a solicitar transferência em função das más condições das vias de acesso.

"Temos verificado, sim, muitos pedidos de transferências e isso está a gerar preocupação", contou o também académico.

De acordo com Augusto Lunganga, este problema começou a ser sentido no ano de 2019, quando a situação degradante das vias de acesso se agravou.

"Os estudantes têm reclamado muito. Nós reconhecemos que temos turmas que perderam muitos alunos e continuamos a assistir a essa redução", explicou.

Augusto Lunganga assegurou que todos os constrangimentos são do conhecimento do Governo Provincial do Uíge, que prometeu à universidade resolvê-los no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).