Segundo o embaixador chinês em Angola, Gong Tao, estas medidas que estão a ser seguidas pelos membros da comunidade chinesa em Angola, que ultrapassa os 250 mil, são voluntárias, porque, apesar de ter lançado um alerta internacional de saúde pública, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não proibiu a movimentação de pessoas e bens.
Isso está a ser realidade também junto daqueles que se deslocaram por estes dias à China para comemorar junto das suas famílias o Ano Novo Lunar, a maior festa chinesa, e estão a retardar o regresso no âmbito das medidas preventivas consideradas adequadas.
Os que regressaram há poucos dias, para evitar quaisquer riscos, estão a proceder ao auto-isolamento.
O diplomata chinês, em conferência de imprensa realizada na sexta-feira em Luanda, admitiu que o vírus de Wuhan vai ter um impacto negativo nas relações económicas entre os dois países, mas notou que o mais importante é estancar esta pandemia porque os negócios podem esperar, "têm tempo".
Tao disse que a embaixada tem estado em permanente contacto com as autoridades angolanas, partilhando informações e cooperando no que diz respeito à assistência sanitária.
A embaixada está "muito atenta" no que diz respeito à comunidade chinesa, monitorizando a situação, sublinhando que para a representação diplomática de Pequim em Luanda, a saúde do povo angolano é tão importante como a do povo chinês.
Luanda não cancelou ou desaconselhou viagens para a China.
O cidadão chinês que está internado na clínica Girassol, com suspeita de contágio pelo vírus de Wuhan está a evoluir bem e, apesar de estarem em curso testes laboratoriais na África do Sul, tudo aponta para que se trate de uma gripe vulgar, segundo a direcção-geral de Saúde angolana.
Por todo o mundo, dezenas de companhias aéreas deixaram temporariamente de voar de e para a China, países como a Rússia e a Austrália barraram a entrada e saída de pessoas oriundas da China.
Já foram confirmados casos em mais de 20 países e entre estes pelo menos em cinco há registo de transmissão humano-a-humano.
Declaração emergência global de saúde pública
O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, justificou este alerta, na sexta-feira, com o perigo real de o vírus de Wuhan chegar a países com fracos sistemas nacionais de saúde e não pela ausência de resposta adequada por parte das autoridades chinesas.
A OMS teme que este coronavírus possa atingir os países mais débeis quanto à capacidade de reunir recursos para combater um eventual surto deste coronavírus, como é o caso da maior parte dos países africanos.
Esta declaração de emergência internacional de saúde surge quando a contabilidade trágica, em cerca de um mês e meio, já vai em mais de 170 mortos na China e mais de 8.000 casos de contaminação confirmados em mais de uma dezenas de países, sendo que fora da China estão confirmados 98 casos.
Com uma progressão muito mais rápida e letal que a pandemia de Síndrome Respiratório Agudo Grave (SARS, em inglês), igualmente com início na China, que em 2002/2003 fez cerca de 750 mortos e pouco mais de seis mil casos de contaminação confirmada em dezenas de países em mais de 18 meses, este vírus está a mostrar ser muito mais robusto e com uma capacidade de disseminação geográfica incomparável.
Uma das razões pela qual a OMS mostra maior inquietude é que este vírus, descoberto na cidade chinesa de Wuhan em Dezembro, rapidamente revelou a sua capacidade de contágio humano-a-humano e consegue passar de indivíduo em indivíduo ainda na sua fase inicial de incubação, onde não se mostra através dos sintomas do hospedeiro, o que dificulta de forma séria o trabalho de combate das equipas sanitárias e dos investigadores que em todo o mundo procuram a melhor forma de combate a este novo inimigo público da humanidade.
O director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, teceu elogios à forma como as autoridades chinesas estão a lidar com esta pandemia sublinhando que o aleta internacional não é consequência do que se passa na China.
O Continente africano é um dos visados pela OMS quando admite temer que este coronavírus chegue a países mais frágeis quanto à resposta adequada a um potencial foco de contaminação.
O vírus, o que é e o que fazer, sintomas
Estes vírus pertencem a uma família viral específica, a Coronaviridae, conhecida desde os anos de 1960, e afecta tanto humanos como animais, tendo sido responsável por duas pandemias de elevada gravidade, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos, como início na China.
Inicialmente, esta doença era apenas transmitida de animais para humanos mas, com os vários surtos, alguns de pequena escala, este quadro evoluiu para um em que a transmissão ocorre de humano para humano, o que faz deste vírus muito mais perigoso, sendo um espirro, gotas de saliva, por mais minúsculas que sejam, ou tosse de indivíduos infectados o suficiente para uma contaminação.
Os sintomas associados a esta doença passam por febres altas, dificuldades em respirar, tosse, dores de garganta, o que faz deste quadro muito similar ao de uma gripe comum, podendo, no entanto, evoluir para formas graves de pneumonia e, nalguns casos, letais, especialmente em idosos, pessoas com o sistema imunitário fragilizado, doentes crónicos, etc.
O período de incubação máximo é de 14 dias e durante o qual o vírus, ao contrário do que sucedeu com os outros surtos, tem a capacidade de transmissão durante a incubação, quando os indivíduos não apresentam sintomas, logo de mais complexo controlo.
A melhor forma de evitar este vírus, segundo os especialistas é não frequentar áreas de risco com muitas pessoas, não ir para espaços fechados e sem ventilação, usar máscara sanitária, lavar com frequência as mãos com desinfectante adequado, cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir, evitar o contacto com pessoas suspeitas