Angola vai receber 150 milhões de dólares da GEMCORP - fundo de investimento com sede em Londres e com o foco da sua actividade nos mercados emergentes -, e cerca de 220,5 milhões de euros do Standard Chartered Bank (SCB), instituição financeira igualmente sediada no Reino Unido.
As verbas, que totalizam o equivalente a cerca de 415 milhões de dólares, serão canalizadas para o Projecto de Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, através dois acordos de financiamento, já autorizados pelo Presidente da República, um dos quais (com o SCB) 'reciclado' do anterior Executivo.
A informação consta dos despachos presidenciais 308/17 e 309/17, ambos publicados em Diário da República no passado dia 28 de Dezembro.
De acordo com os documentos, aos quais o Novo Jornal Online teve acesso, os empréstimos visam a "cobertura do défice do Projecto de Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca", e do "Projecto do Sistema de Transporte de Energia Associado ao Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca".
Os acordos de financiamento, a serem rubricados pelo Ministério das Finanças, são ainda explicados com pela necessidade de "diversificação das fontes de financiamento", para a "concretização e operacionalização de projectos do sector da Energia e Águas, integrados no Programa de Investimento Público, no âmbito da política para o desenvolvimento económico e social do país".
Custo final de Laúca estimado em 4,5 mil milhões de dólares
Recorde-se que o custo final de Laúca foi estimado em 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos, e a sua construção foi da responsabilidade da brasileira Odebrecht, contando com a linha principal de financiamento um crédito concedido pelo Brasil.
Com uma capacidade global de 2 070 megawhatts eléctricos (MWe), o Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca (AHL), localizado no rio Kwanza, na província de Malanje, iniciou a produção com 330 MWe, referentes à primeira de seis turbinas, sendo o seu contributo para produção de electricidade tido como fundamental para diminuir fortemente os sucessivos apagões na capital do país.
Considerada como uma das obras emblemáticas do fulgor económico que atravessou Angola na última década, Laúca começou a encher a sua albufeira a 11 de Março último, numa cerimónia a que presidiu o então Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.
O enchimento paulatino da albufeira estará concluído, de acordo com as informações avançadas pelo Governo, em finais de 2018, altura em que atingirá a quota máxima dos 850 metros, estando a partir deste momento criadas as condições para que o fornecimento de electricidade às principais cidades passe a ser feito sem anomalias.