Pescadores e vendedoras dizem-se surpreendidos com o encerramento do mercado do peixe ao ar livre na Samba, e lamentam que o GPL não lhes tenha dado "sequer tempo de venderem" os seus produtos.
Os visados contaram ao Novo Jornal que protestaram contra o encerramento e disseram que o Governo deveria dar pelo menos duas semanas aos vendedores.
Esta sexta-feira, 28, dezenas de polícias da Unidade de Reacção e Patrulhamento (URP), Unidade Canina, Polícia de Intervenção Rápida (PIR), e da ordem pública, cercaram o mercado e impediram as vendas, fazendo cumprir a orientação do GPL.
A situação criou revolta nas vendededoras, na sua maioria peixeiras e pescadores, que não vêem solução para sobreviver em função do local do seu "ganha-pão" estar encerrado.
Logo nas primeiras horas desta sexta-feira mais de 1.000 vendedores manifestaram-se ao longo da estrada da Samba e em frente à administração municipal da Samba.
Porém, a circulação rodoviária nos dois sentidos esteve por largas horas intransitável esta manhã.
Apesar de o GPL recomendar aos vendedores de produtos não-piscatórios que se dirigissem aos outros mercados da província de Luanda para continuarem com as vendas dos seus produtos, estes por sua vez lamentam o facto de o Governo não indicar quais.
Ao Novo Jornal, centenas de jovens "escamadores" asseguram que o encerramento do mercado pelo GPL deixa milhares de famílias "sem pão".
"A Mabunda é o sítio do nosso ganha-pão. Se existe cólera é porque as próprias autoridades é que não recolhem o lixo. Nós contribuímos diariamente com 1.000 kz para a limpeza e higiene do mercado, para onde vai esse dinheiro?", questiona a maioria dos vendedores.
Entretanto, os milhares de vendedores dizem não perceber o porquê do encerramento apenas do mercado da Mabunda e não o da Ilha e de Cacuaco?
"A Mabunda não é o único mercado de venda de peixe em Luanda, há outros, e se há cólera em Luanda, porque é que também os outros não foram encerrados? Se todos são fontes de contaminação da doença?", interrogam.
O GPL diz que decidiu encerrar temporariamente este mercado como medida emergencial de contenção e prevenção do surto da cólera.
Em comunicado, o GPL diz que foi realizada uma avaliação de risco das condições de higiene, sanitárias e ambientais, tendo sido constatado no mercado alto risco para transmissão da cólera pela Comissão Nacional de Luta Contra a Cólera.
O Novo Jornal apurou essa manhã junto das autoridades que só na zona da Mabunda já foram registados mais de cinco óbitos devido ao surto de cólera e que esta sexta-feira, 28, um morador, vítima da doença, foi a enterrar.