"Forças negativas" é uma expressão que designa os grupos de guerrilha a actuar, por exemplo, no Leste da RDC, com origem no Ruanda (Frente Democrática de Libertação do Ruanda - FDLR) ou no Uganda (Aliana das Forças Democráticas - ADF).

A identificação dos países que beneficiam deste tipo de actividades, quase sempre relacionadas com a exploração de recursos naturais, como aqui se explica, tem como pressuposto a aplicação de sanções, aponta o comunicado final da 7ª reunião de Alto Nível do Mecanismo Regional de Supervisão do Acordo Quadro para a Paz, Segurança e Cooperação na República Democrática do Congo (RDC) e na Região dos Grandes Lagos, realizada nesta quarta-feira, em Luanda.

Ainda com os olhos postos na RDC, os lideres regionais presentes neste encontro de Luanda, recomendaram aos chefes de estados maiores, para realizarem visitas às áreas afectadas no Leste do país, por forma a desenvolverem e fortalecerem as acções contra os grupos armados que actual nestas áreas, que são, como se sabe, a FDLR e a ADF, sendo esta uma região de vastos recursos naturais, como o coltão, entre muitos outros.

Os Estados membros da CIRGL e da SADC foram instados a contribuírem com tropas para a força de intervenção da missão da ONU para o Congo Democrático (MONUSCO), a fim de melhorar as operações contra as forças negativas, em estreita consulta com o Governo, integrando neste esforço os serviços de inteligência.

De forma clara, o texto aponta o dedo ao Ruanda, exigindo que sejam criadas condições para o repatriamento das guerrilhas deste país que actuam na RDC, utilizando esta formulação: "implementação do programa de repatriamento para o Ruanda das forças rebeldes deste país, que actuam na RDC".

Esta 7ª reunião contou com a presença dos Presidentes de Angola, José Eduardo dos Santos, da RDC, Joseph Kabila, do Congo, Denis Sassou Nguesso, da Zâmbia, Edgar Lungu, do Tchad, Idriss Deby, na qualidade de presidente em exercício da União África.

Por sua vez, os Chefes de Estado do Quénia, Burundi, Suazilândia, Ruanda, África do Sul, Sudão, Tanzânia e Uganda optaram por se fazerem representar, enquanto a Presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Zuma, o enviado do secretário-geral da ONU para a região dos Grandes Lagos, Said Djinnit, deslocaram-se a Luanda.

Fora do comunicado, e, por isso, sem uma indicação clara, ficou o que está a ser feito para ultrapassar a crise política na RDC, gerada com o adiamento das eleições presidenciais, onde o Presidente Joseph Kabila deixará o poder.

Este tema, como se informa aqui, foi tratado nos discursos dos intervenientes, especialmente no do anfitrião e presidente da CIRGL, o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.

Mas a questão de fundo pode ser melhor percebida neste texto anteriormente publicado no Novo Jornal Online.