Depois de meses de destruição de bens públicos, em múltiplas manifestações nas principais cidades da Etiópia, o Governo de Desalegn optou pelo estado de emergência, justificando-o com a necessidade de proteger os bens do Estado.
Ao mesmo tempo, segundo as agências internacionais, o chefe do executivo está a procurar estabelecer acordos com a oposição que permitam acalmar os ânimos no país, depois de semanas de protestos de onde resultaram vários mortos e milhões de dólares em prejuízos.
"O estado de emergência foi declarado porque a segurança das pessoas e dos bens públicos estava a ser posta em causa", disse Desalegn na televisão pública etíope, onde também defendeu que esta era a única maneira de restaurar a normalidade no país.
Desde 2015 que se registam violentos confrontos entre populares e forças da ordem, com dezenas de mortos, segundo ONG internacionais, sendo que só no último Domingo terão sido mortas 55 pessoas.
Esta prolongada crise na Etiópia teve maiores repercussões internacionais quando o maratonista etíope Feyisa Lilesa, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, cruzou a meta em segundo lugar com os braços cruzados, um símbolo utilizado pelos que protestam contra o Governo de Adis Abeba, tendo sido visto em todo o mundo através das imagens televisas em directo.
O atleta explicou este protesto, recusando-se a regressar ao país com medo de ser assassinado, com a repressão crescente das forças do poder sobre o povo que procura manifestar-se pacificamente.
Feysa Lilesa chamou à atenção para a possibilidade de a Etiópia poder viver uma situação semelhante à que se assistiu, em 1994, no Ruanda, quando a maioria Hutu assassinou mais de 800 mil Tutsis, a minoria que se mantinha no poder.