O facto de estar cercado por países pouco sensíveis aos direitos gays, é outro factor que contribui para o aumento da afluência de homossexuais para a África do Sul. No entanto, os gays ainda são alvo da homofobia e preconceito contra imigrantes no país.
Segundo a agência da ONU para os refugiados (ACNUR), a África do Sul tornou-se o principal destino dos asilados sexuais do continente. Só no ano passado, recebeu mais de 290 mil refugiados, boa parte deles homossexuais, o que fez do país o líder em pedidos de asilo e refúgio pelo quarto ano consecutivo.
Num documento oficial do Departamento de Assuntos Internos sul-africano, o diretor-geral Mkuseli Apleni refere que as 72 entradas por terra ajudam a explicar porque o país entrou na rota de fuga de quem foge da homofobia no continente.
Mas na prática, a perseguição e as dificuldades vividas por estes "asilados sexuais" não acabam na África do Sul. Existe uma desconexão com a forma como o país se porta internacionalmente e o modo como os refugiados sexuais são tratados aqui, afirma Yellavarne Moodley, pesquisador da Unidade dos Direitos de Refugiados da Universidade da Cidade do Cabo.
Criminalização
Para Moodley, o número de asilados no país vai crescer nos próximos anos devido à criminalização da homossexualidade cada vez mais comum no continente. Só este ano, dois países entraram para a lista dos países onde ser gay é proibido. A Nigéria aprovou, em Janeiro, uma legislação que torna o relacionamento gay um crime severo que prevê uma sentença de 14 anos de prisão. Em Março, o presidente da Uganda, Yoweri Museveni, decidiu punir com prisão perpétua quem tem relações com pessoas de mesmo sexo.
De acordo com informações da Amnistia Internacional, as relações gays são consideradas crime em 38 das 54 nações africanas.
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