"Tati foi a única angolana abordada pelos promotores do futuro Sky Gallery [centro comercial especializado na venda de etiquetas de luxo, como Prada e Gucci ] para abrir uma butique no espaço", assinala a publicação, mundialmente conhecida por escrutinar as maiores fortunas do globo.
Apesar do assédio, Nadir não esconde as reservas em relação a esse projecto, lançado com um investimento de 50 milhões de dólares. "Será interessante observar como as marcas estrangeiras de pronto-a-vestir se vão comportar no nosso mercado, porque os angolanos não gostam de se vestir todos da mesma forma", nota a designer, para quem o sucesso da sua assinatura está na diferenciação.
"Nunca repito as criações e tudo é feito por medida. Temos muitos ricos no país, mas quando os mesmos consomem procuram exclusividade", reforça Nadir à Forbes, que, através da actriz congolesa Rachel Mwanza, já subiu à passadeira vermelha dos Óscares.
Ana Paula dos Santos como Michelle Obama
A visibilidade da designer angolana tem, na óptica da revista norte-americana, uma alavanca incontornável: A primeira-dama, Ana Paula dos Santos. "Em certa medida, a mulher do Presidente José Eduardo dos Santos é a equivalência angolana a Michelle Obama [a primeira-dama dos EUA], no que diz respeito à credibilidade no domínio da moda e à colocação dos estilistas locais no mapa", lê-se na Forbes.
A importância de vestir Ana Paula dos Santos é reconhecida por Nadir Tati, que elege, entre os "vários vestidos" já criados para a primeira-dama, "o azul que usou na reeleição do Chefe de Estado", em 2012.
"Estou constantemente a trabalhar em novas criações para Ana Paula dos Santos. Tudo assenta-lhe bem e é um prazer trabalhar com ela, porque percebe de moda", diz Nadir, elegendo a primeira-dama como uma das suas maiores "fontes de inspiração".
O bom cartão-de-visita para o negócio não apaga contudo as deficiências da indústria nacional. "Temos um défice na produção de têxteis", lamenta a designer, revelando que "90% dos tecidos" que usa são importados.
A este indicador junta-se um rosário de velhas privações: "Ainda vivemos num país onde há pessoas sem água nem electricidade", sublinha Nadir Tati, antes de revelar as medidas do futuro. "Quero que a moda angolana esteja no topo. Temos de ser vistos em todo o lado".