Show Kalunga II prova irmandade entre Angola e Brasil em noite interactiva
Numa noite prestigiada por diversas individualidades nacionais e estrangeiras, com realce para a ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, o show "Kalunga II" confirmou esta quarta-feira a "pureza" da irmandade entre Angola e Brasil, num evento em que a voz dos espectadores sobrepôs-se a dos protagonistas.
Apesar de começar com duas horas de atraso (inicialmente marcado para as 19h00), o público manteve-se paciente e motivado para ver a todo custo as vedetas da música brasileira que, em palco, souberam retribuir o carinho e admiração expressa pelas cerca de 600 pessoas que coloriram a interactiva plateia.
Porque tratava-se do ressurgimento de um espectáculo que aconteceu pela primeira vez há 35 anos, os dez artistas sul-americanos incumbidos de "testar" a solidez das relações bilaterais entre os dois povos, capricharam nos detalhes e subiram ao palco em conjunto para abrir o show com um tema colectivo feito a propósito do evento.
'D'aqui, d'acolá' é o título da canção de abertura interpretada por um elenco de "luxo" composto por Martinho da Vila, Elba Ramalho, Francis e Olívia Hime, Geraldo Azevedo, Martnália, Miúcha, Mariene de Castro, Nei Lopes e Yamandu Costa, que se apresentaram todos de branco para uma plateia muito animada e heterogenia em termos de estrato social.
Durante cerca de três horas de música ao vivo, estes "dinossauros" do music hall brasileiro conseguiram contagiar os presentes com bom samba, pagode e canções sertanejas, que levaram governantes, gestores públicos, diplomatas, artistas e jornalistas a exibirem alguns toques de dança e acompanharem cada letra em voz alta.
Conforme a ordem, depois da música de abertura, desfilaram em palco Mariene de Castro, que começou por aquecer a noite com os temas 'É d'Oxum', 'Canto das três raças' e 'Senhora Liberdade', este último num dueto com Nei Lopes, que permaneceu no 'palanque' para cantar 'candongueiro' e 'Tia Eulália na Xiba'.
De seguida os convivas foram brindados com um instrumental (de quase dez minutos) intitulado 'Um a zero', que anunciava a entrada em cena de Geraldo Azevedo, que fez recordar 'Caravana' e 'Poema de Agostinho Neto', antes de interpretar 'Canta coração' com Elba Ramalho, uma das mais aplaudidas, em virtude da performance em palco.
Esta animou a sala do Lookal com 'Asa branca' e 'Banho de Cheiro', antes de chamar Yamandu Costa para lhe auxiliar na música 'De volta para o aconchego'. Já sozinho, Yamandu cantou 'Brejeiro' e, mais tarde, 'Meu caro amigo', numa parelha com Francis Hime, que se manteve em palco para apresentar os temas 'Navega Ilumina' e 'Vai passar'.
Num momento em que a plateia se mostrava cada vez mais descontraída e o cronómetros contava no sentido regressivo (aproxima-se a hora do fim), para o delírio do espectadores subiu em palco uma das vozes mais melódica de Angola. Em acção entrava Yola Semedo, apenas para apresentar uma única música - o seu sucesso 'Volta amor'.
A angolana abandonou a pista para ver regressar Francis Hime e Oliva Hime para cantarem 'O que será?'. Esta segunda continuou em cena e apresentou 'Morena do mar' e 'Berimbau/Labareda', já na companhia de Miúcha, que depois ofereceu individualmente 'Samba do avião' e 'Anos dourados', suportada por uma banda muito compacta e competente.
Na sequência, exibiram-se Mart'nália com 'Angola' e 'Acreditar/Sonho meu', ainda com esta jovem brasileira na pista, simpaticamente apresentou-se também em palco o mais esperado da noite, que conseguiu aferir a sua popularidade em Angola e aquecer mais ainda a festa. Martinho da Vila cantou, brincou, interagiu e dançou.
Com Mart'nália tocou 'Muadiakime'. E antes de convidar todo o elenco para os dois temas finais bonificou os presentes com 'Semba dos ancestrais' e 'Madalena do Jucu'. Já em conjunto, os dez músicos brasileiros encerram o show com 'Morena de Angola' e 'Kizomba, a festa da raça', com toda a plateia de pé.
Ricardo Medeiros (viola baixo), Marcos Thadeu (bateria), Magno Júlio (percussão), Jayme Vignoli (cavaquinho), Dirceu Leite (sopro), Marcelo Bernardes (também no sopro), Maurício Carrilo (violão) e João Carlos Coutinho (no piano) asseguraram instrumentalmente os protagonistas do show, prestigiado e valorizado pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva.
Entretanto, Yola Semedo foi a única cantora angolana contemplada neste evento, que marcou o ressurgimento (35 anos depois) do projecto Kalunga, de cuja primeira edição aconteceu em 1980.
O mesmo visou saudar os 193 anos de independência da República Federativa do Brasil (assinalado a sete deste mês) e os 40 anos de independência de Angola (11 de Novembro).
O show Kalunga II foi uma co-produção da Embaixada do Brasil em Angola e o Instituto de Desenvolvimento Educacional Internacional de Angola - IDEIA, com vista a reforçar as relações entre os dois povos, com especial enfoque nas relações bilaterais nas áreas empresarial e cultural, particularmente na música.
O Embaixador do Brasil, Norton de Andrade Mello Rapesta, que reiterou a intenção do seu país em intensificar as relações com Angola, foi outro espectador atento na 'tribuna vip', deste show que terminou a uma hora e meia de hoje, quinta-feira.
Angop/NJ