O ano passado esteve envolvido num caso de agressão a um árbitro. O que se passou de concreto?
Foi num combate em que houve uma autêntica batota contra mim. Com o nervosismo que atravessa um momento de combate, acabei por me sentir frustrado e reagi contra o árbitro, sendo ele o protagonista da injustiça. Peço as minhas desculpas ao público, à Federação de Boxe, na pessoa do Carlos Luís e ao árbitro Álvaro António. Isto nunca mais vai voltar acontecer.
Há adversários do +91Kgs que possa competir com Mampuya?
Não tenho adversários à altura que me possam vencer em Angola. Neste momento, considero-me o melhor em Angola na categoria dos +91kgs.
Qual é o seu ponto de vista a propósito do surgimento de novos talentos no boxe?
Actualmente, o boxe em Angola segue por bons caminhos. O surgimento de novos talentos é bom para a expansão da modalidade, que está a ser feita graças à vinda de treinadores cubanos que têm dado o seu contributo na transmissão de conhecimentos. O nível do boxe angolano vai atingindo grandes patamares, vemos juniores e juvenis bem capacitados em técnicas de combate no boxe.
Porque é que todos os praticantes de boxe são obrigados a ter vários empregos?
Não é bem assim. A maior parte dos praticantes do boxe fazem isso como um outro meio de angariar fundos para benefício próprio. Não basta depender daquilo que a gente recebe do clube a que pertencemos. Mas digo com toda a sinceridade que já é possível viver da prática do boxe.
Como avalia o zonal da África do Sul, em que se sagrou campeão?
Faço uma avaliação positiva do zo-nal da Africa do Sul. A conquista do terceiro lugar da selecção angolana, que arrecadou oito medalhas nas diferentes classes, uma de ouro, uma de prata e seis de bronze é prova disso. A selecção angolana foi decisiva no zonal da África do Sul mesmo com as atitudes de pouca seriedade pelo meio que nos podiam ter levado ao abandono. Conseguimos resistir graças à insistência do nosso treinador.
Acha que tem potencialidades para competir a nível internacional?
Há espírito de entrega em mim, tenho muita autoconfiança, sei que posso chegar mais longe, até para além das fronteiras de África. O meu pensamento está direccionado para os palcos internacionais Antes que eu termine a minha carreira tenho que ser campeão olímpico pela selecção angolana de boxe.
Qual é a sua referência a nível do boxe?
É o antigo internacional inglês Lennox Lewis, da categoria dos 112,1 kgs. Tinha um estilo como quem não queria competir em nada e sabia fazer ponto no momento certo.
O que acha que tem que ser feito para melhorar o boxe em Angola?
Não tenho como apontar. Ainda existem muitas falhas dentro da nossa federação. A melhoria do desporto dentro de um país não passa só pela contratação de treinadores internacionais. É preciso melhorar também as condições de trabalho dos atletas.
Um ano depois da agressão ao árbitro e de ter sido suspenso pela federação, como avalia a nossa arbitragem?
A arbitragem no boxe angolano está no bom caminho. Com a participação dos nossos árbitros nas competições africanas, vai-se adquirindo mais experiência.