Depois de encontros "muito bem sucedidos" no Sábado, 03, com o primeiro-ministro Narendra Modi, e a Presidente Draupadi Murmu, João Lourenço aproveitou este Domingo, 04, e último dia desta visita histórica, para mostrar o porquê desta visita.

O Chefe de Estado procurou em Nova Deli explicar e convencer os investidores daquele que é um dos países que mais cresce no mundo e com melhores perspectivas de futuro porque é que Angola é uma oportunidade inigualável em África.

Antes de se dirigir em concreto aos empresários indianos, segundo a informação disponibilizada pelos serviços de imprensa da Presidência angolana, João Lourenço já tinha enfatizado nas conversas com o chefe do Executivo, Narendra Modi, o interesse de Luanda em dar lastro à cooperação com Nova Deli.

E ouviu do ministro dos Negócios Estrangeiros, Subrahmanyam Jaishankar, as áreas de maior interesse da Índia e para onde dirigir a "atenção máxima", que são os recursos minerais, como o crude, diamantes e minerais críticos, a formação de quadros em diversas áreas técnicas e a expansão da rede de infra-estruturas.

Isto, quando (ver aqui) a Índia tem em perspectiva uma forte aposta no continente africano, onde já é uma das presenças mais robustas, embora Angola esteja ainda fora dos maiores parceiros comerciais deste em permanente crescimento gigante asiático com mais de 1,4 mil milhões de habitantes e cinco triliões de dólares de PIB.

Na sua intervenção perante a lateia de empresários indianos e angolanos, João Lourenço foi rapidamente ao que interessa, sublinhando que Angola encara esta ocasião como "uma oportunidade estratégica para reforçar os laços de cooperação económica e empresarial com a Índia".

Á Índia que além do G20, faz parte da cada vez mais importante plataforma global que são os BRICS, onde despontam países como a China, o Brasil, a Rússia, a África do Sul, o Egipto, a Arábia Saudita, os EAU, etc, e numa altura em que esfriam as relações com Pequim, tem tudo para ser o novo "melhor amigo" na Ásia de Luanda.

E, como notou o Presidente angolano, "num contexto em que sobressaem os desafios globais que exigem respostas coordenadas e soluções sustentáveis", este fórum empresarial tem tudo para ser uma plataforma de estabilidade e segurança nos negócios de futuro.

E complementou que este fórum é, além de um encontro de empresários e homens de negócios, "uma demonstração do compromisso político de ambos os Governos em promover uma cooperação sólida, estratégica e orientada para resultados concretos".

Lourenço reafirmou a convicção de que "a Índia é uma potência global em sectores estratégicos que coincidem com as prioridades do Governo angolano no âmbito da sua agenda de reformas e diversificação económica".

E apontou o caminho: "Falamos de áreas como a indústria farmacêutica(...) onde se encara com particular interesse o desenvolvimento de parcerias que permitam a instalação de unidades farmacêuticas em Angola" com destaque para a produção de genéricos.

Frisou a importância do sector agrícola, lembrando ao empresariado desta área que Angola "dispõe de vastas extensões de terras aráveis, clima favorável e recursos hídricos abundantes, condições que oferecem oportunidades excepcionais para o investimento e transferência de tecnologia".

Apontou igualmente para a área da energia, tanto no domínio tradicional dos hidrocarbonetos, onde já existe alguma cooperação em curso, como nas energias renováveis, com destaque para a energia solar.

"O compromisso de Angola com a transição energética é claro e a Índia, com o seu conhecimento técnico e soluções acessíveis, poderá desempenhar um papel catalisador na expansão de projectos de energias limpas, sobretudo em áreas rurais, reforçando o acesso à energia e contribuindo para um desenvolvimento territorial mais equilibrado", disse.

Como estímulo para os ávidos investidores indianos, o Presidente João Lourenço lembrou também que Angola posiciona-se estrategicamente no coração da África Austral, com acesso privilegiado aos mercados regionais da SADC e da Zona de Comércio Livre Continental Africana, que reúne mais de 1,3 mil milhões de consumidores.

"Este posicionamento, aliado à estabilidade política, à crescente modernização das infra-estruturas e à aposta firme na integração económica regional, permite que o nosso país se afirme como um hub logístico e industrial de excelência para empresas indianas que pretendam expandir as suas operações no continente africano", disse.

"Estamos a investir fortemente na melhoria das nossas infra-estruturas de transporte e logística, com destaque para projectos como o Corredor do Lobito, que liga o Oceano Atlântico ao interior do continente, atravessando a República Democrática do Congo e a Zâmbia e extensão até aos portos da Tanzânia no oceano Índico", disse.

"Esta iniciativa insere-se numa visão continental de mobilidade, comércio e conectividade que abre novas possibilidades para a instalação de cadeias de valor regionais. Convidamos os empresários indianos a explorar estas oportunidades logísticas que podem colocar Angola no centro da estratégia exportadora para África e para o mundo", disse.

Falou aos investidores indianos das relações bilaterais que assentam "numa base jurídica e institucional sólida, construída ao longo de décadas de cooperação", mostrou abertura clara para a "assinatura de novos instrumentos de cooperação" em várias áreas visando "facilitar a entrada de empresas indianas em sectores prioritários da economia" angolana.

Apontou para os esforços em curso para melhorar fortemente o ambiente de negócios em Angola, espírito com o qual convidou os empresários e investidores indianos para que "conheçam e explorem as potencialidades" de Angola para a "construção conjunta de soluções para o futuro".