A informação foi divulgada pelo ministro Diamantino Azevedo, no Sumbe, onde se encontra a participar numas jornanas científicas organizadas pelo seu ministério.

O governante, citado pela Angop, explicou aos jornalistas que o objectivo do ajustamento e reorganização deste sector mineiro é criar condições para o crescimento da indústria e extracção de ferro bem como a sua sustentabilidade.

No fim da linha pretende-se, acrescentou Diamantino Azevedo, conferir maior competitividade e rentabilidade à Ferrangol "com foco na cadeia primária de valor, observando padrões internacionais de qualidade".

A prospecção, a pesquisa e o desenvolvimento do sector do ferro, bem como promover o aumento da capacidade produtiva e reduzir a dependência das importações estão no horizonte dos objectivos destas medidas.

A Ferrangol é uma empresa pública criada no início da década de 1980 e tem como missão gerir e controlar a produção de minério de ferro no país.

Na génese da sua formação esteve a necessidade de gestão estatal das minas de Cassinga, mas o seu papel ficou sempre aquém das expectativas devido ao desenrolar do conflito armado, tendo sido retomada a actividade em 2017, com a preparação da exportação do processo para a exportação de minério de ferro, cerca de 70 mil toneladas, para a China, que estavam em stock nas áreas mineiras da Huíla.

Foi no início Abril deste ano, no entanto, que o primeira carregamento foi realizado, no Porto Mineraleiro do Namibe, com 70 mil toneladas embarcadas com destino à China, prevendo-se novos carregamentos ainda este ano a partir do material em stock há largos anos tanto na área de exploração, na Huíla, como no que está armazenado nos arredores da cidade de Moçâmedes.

Finalmente, Angola exportou ferro

Depois de anos a fio sem exportar esta matéria-prima, as primeiras 70 mil toneladas de minério de ferro, extraídas nos depósitos activos na Huíla, no sul de Angola, deixaram o Porto do Namibe no início de Abril.

O destino das cargas iniciais, que se os planos iniciais tivessem sido cumpridos, teriam tido início em Janeiro, são as regiões industriais chinesas, cujas siderurgias passam a contar com o ferro angolano para a sua laboração.

O navio cargueiro, com pavilhão liberiano, Trina Oldendorff, com 225 metros de comprimento e capacidade de carga de 73 mil toneladas, foi onde a prieira exportação de 70 mil toneladas de minério de ferro seguiu para a China.

O plano do Governo angolano passa por normalizar os carregamentos de minério de ferro, com a plena exploração dos depósitos da Huíla, com destaque para Kassinga, e criar condições para, pelo menos, segundo disse ao Novo Jornal Online fonte ligada ao sector, dois carregamentos desta dimensão, cerca de 70 mil toneladas, por mês, durante os próximos anos.

Mas, para isso, como soube o Novo Jornal Online, a infra-estrutura portuária do Namibe carece de ser apetrechada com equipamentos novos.

Um passado pesado

A exploração e o terminal mineraleiro do Saco Mar, construído em 1967, permitiram que o Porto do Namibe assistisse à saída de mais de 40 milhões de toneladas de minério de ferro para alimentar as indústrias siderúrgicas da Europa e da Ásia até 1975, ano em que foi interrompido o processo, logo depois da independência do país.

A construção deste terminal, com 525 metros e um calado de 19 metros, foi decidida exclusivamente por causa da exportação desta matéria-prima vinda das minas de Cassinga/Jamba, província da Huila e, durante os oito aos que funcionou, foi o de 1973, que melhor registo conseguiu, com 6,2 milhões de toneladas exportadas.

De acordo com o projecto, que deverá ser implementado por fases, cuja gestão é da responsabilidade da Ferrangol, no qual foram investidos, de acordo com o que foi divulgado há cerca de três anos, mais de 100 milhões de dólares para "relançar a extracção de minério de ferro" nas áreas de Kassinga Norte (Jamba) e Kassinga Sul (Tchamulete),onde se estima que existam mais de 35 milhões de toneladas de minério de ferro.

Importante fonte de receita

Nas imediações da cidade de Moçâmedes, soube ainda o Novo Jornal Online, já se encontram mais de 150 mil toneladas de minério de ferro oriundas da Huíla a aguardar.

A informação divulgada, aquando do lançamento desta actividade mineira e a exportação começou a ser preparada, estimava que o país tem condições para atingir uma produção anual ligeiramente acima das 1,8 milhões de toneladas, totalmente para exportação.

Com os actuais preços nos mercados internacionais a rondarem os 65 dólares norte-americanos por tonelada, e se se confirmar a exportação anual nestes valores - as 1,8 milhões de toneladas -, o país pode vir a encaixar à volta de 100 milhões USD.

Mas estes valores tendem a aumentar, de acordo com as previsões, porque, nos próximos três anos prevê-se que se ultrapassem as oito milhões de toneladas, com a entrada em funcionamento da 2ª e da 3ª fase, Cateruca e Tchamutete, ambas na Huíla.

Posteriormente, existe ainda a ideia de alimentar as siderurgias nacionais com a matéria-prima oriunda da Huíla, que chegará ao Porto do Namibe através dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes.

O ferro é um metal essencial em diversas actividades mas tem o principal papel enquanto constituintes das ligas de aço, na indústria automóvel e na construção civil.