José de Lima Massano, numa mensagem publicada a propósito da divulgação do relatório de contas anual do BNA de 2021, coloca o objectivo de conseguir chegar a um dígito na inflação no "médio prazo", embora um dos efeitos do conflito no leste europeu seja, precisamente, nas grandes economias globais, dos EUA à União Europeia, a questão da acelerada inflação, que, por exemplo, na economia norte-americana está quase nos 10%, um recorde de 40 anos.

Apesar do desenho de expectativas positivas para o futuro da economia angolana, sublinhando, todavia, os efeitos devastadores da pandemia da COvid-19 em todo o mundo, sem que Angola tenha sido excepção, o governador do BNA confronta-se neste documento hoje divulgado com algumas perspectivas e consequências negativas desse turbulento período de vai para 3 anos, como a questão do crédito malparado que subiu 13,6% em 2021, aumentando de 18,41% para 20,26%.

"Relativamente ao crédito vencido malparado no final do ano de 2021, este registou um aumento de 115,52 mil milhões de kwanzas comparativamente ao período homólogo (13,64%); com efeito, o rácio de incumprimento do sector bancário passou de 18,41% em dezembro de 2020 para 20,26% em dezembro de 2021", concluiu a Lusa da leitura do Relatório e Contas de 2021 do BNA.

De acordo com o documento, esta subida de 13,6% no crédito que os bancos não conseguem cobrar há mais de 90 dias representa um novo aumento, já que de 2019 para 2020, o rácio melhorou, de 32,46% para 18,41%.

O relatório sobre as actividades do regulador financeiro angolano no ano passado mostra também, ainda segundo a Lusa, que o sector bancário quase triplicou os lucros no ano passado, com uma subida de quase 180%.

"No final de 2021, o sector bancário registou resultados positivos num montante de 394,90 mil milhões de kwanzas, um aumento de cerca de 179,39% face ao período homólogo, devido fundamentalmente ao aumento de proveitos com títulos e valores mobiliários", refere.

Onde o panorama não é tão positivo para as 25 instituições financeiras a operar no país, é nos sistemas de controlo interno e nos requisitos sobre as boas práticas na área da governação corporativa, que o Banco Nacional de Angola diz serem ainda insuficientes.

"Observam-se insuficiências relativas às políticas e processos de identificação e avaliação de transacções com partes relacionadas e de prevenção de conflitos de interesses, fragilidade dos processos de protecção para inibição de acessos indevidos aos sistemas de informação, bem como na implementação de processos de recuperação de desastres em caso de incidente", lê-se no relatório.

No documento refere-se, no entanto, que, "de forma geral, o sector bancário continua a apresentar uma tendência crescente, em termos de formalização dos requisitos de Governação Corporativa, o que evidencia o incremento da cultura de boa governação nas instituições e a mitigação dos riscos inerentes".

Sobre os sistemas de controlo interno, apesar do "crescimento assinalável do nível de cumprimento dos requisitos previstos na regulamentação em vigor, comparativamente ao período homólogo, existem bancos em que persistem insuficiências de recursos humanos capacitados, para fazer face às atribuições regulamentares das funções de controlo, designadamente, gestão de risco, compliance e auditoria interna".