Este concurso dá seguimento à intenção do Governo de privatizar a rede de supermercados Kero, entregue ao Estado pelos generais Dino e Kopelipa em 2020.

No início de Junho, o Presidente da República aprovou a cessão do direito de gestão dos 90% do capital detidos pelo Grupo Zahara antes de passarem para a esfera do Estado.

No despacho presidencial 89/21, o Chefe de Estado delegava competência aos ministros das Finanças e da Indústria e Comércio, com a faculdade de subdelegar, para a condução e verificação da legalidade de todos os actos integrantes do procedimento de concurso público de património "constituído com fundos públicos" e entregue ao Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA) pelos generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior 'Kopelipa' e Leopoldino Fragoso do Nascimento 'Dino' , em Outubro de 2020, como anunciou, na altura, a Procuradoria-Geral da República (PGR) (ler aqui).

Os generais Kopelipa e Dino foram constituídos arguidos em finais de Setembro de 2020 por haver fortes indícios de terem beneficiado dos negócios que o Estado teve com a empresa China International Fund (CIF). Entretanto, uma fonte da PGR garantiu que os oficias generais gozam de imunidade e não podem ser presos preventivamente antes do despacho de pronúncia.

Já em Dezembro de 2020, o Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, no âmbito da cerimónia de apresentação de cumprimentos de fim de ano, disse, citado pela Angop, que os processos-crime dos generais Kopelipa e Dino estavam na fase de instrução preparatória, realçando que todo o esforço estava a ser feito para sua conclusão, "a breve trecho".

O Kero é uma empresa privada, constituída unicamente por capitais angolanos, dedicada à comercialização e distribuição de produtos alimentares e não alimentares. Está presente em várias províncias do País, mas foi nas principais cidades, nomeadamente Luanda, Benguela, Lobito, Lubango e Huambo que implantou as principais lojas.

Este concurso não inclui as lojas Xyami, assim como o imóvel do edifício do ex-GIKA, em Luanda, por tratar-se de espaço arrendado.

Por via do PROPRIV o Estado já privatizou, em 2020, um total de 32 activos. Para o ano em curso e até 2022, está prevista a privatização de mais 133 activos.

O Leilão Electrónico tem como objectivo, segundo o Governo, "aumentar a transparência na conclusão dos processos, na medida em que há solução de intervenção humana, mediações estas que mitigam riscos de impugnação permitindo maior gestão de tempo e de arquivos por via digital" (ler aqui).