Mas esse segredo mantido debaixo de terra até agora pode estar para ser revelado "muito em breve", como o afirmou há dias o Presidente da Administração da LDC, Milles Kennedy, alimentado uma curiosidade antiga que é saber onde está a "mãe" de alguns dos mais raros e puros diamantes extraídos em Angola, como foi o caso do maior de sempre, com 404 quilates, encontrado em 2016 e que valeu mais de 16 milhões de USD, vendido em bruto.

Os diamantes do Lulo, de onde saíram as cinco maiores gemas de sempre encontradas em Angola, são toda de origem em aluvião, que é o curso, ou cursos, de água que transportam as jóias em bruto para determinados locais, depositando-os até serem encontrados, ou não, pela indústria mineira, alguns deles com raras tonalidades e colorações.

Mas isso significa que os diamantes estão a ser arrastados de um local algures a montante do aluvião explorado pela LDC e que, quase de certeza, admitem os técnicos da empresa australiana, é um único kimberlito especial, que ao longo dos últimos 100-150 milhões de anos foi retirando das profundezas da terra estas "pedras", trazendo-as para a superfície através de movimentos geológicos e gerados por grandes pressões e temperaturas.

Ora, o que a Lucapa, e os seus associados, a Endiama (concessionária) e a Rosa & Pétalas, mais desejam é encontrar este kimberlito, que pode ser, de forma simplificada, descrito como uma espécie de chaminé que liga as profundezas do planeta e a sua superfície, esperando ainda que este se encontre dentro dos 3.000 km2 que compreende a exploração mineira do Lulo.

"Para mim, o jogo principal em Angola, por muitos anos, tem sido a procura do kimberlito ou kimberlitos que, nos últimos 100 milhões de anos, foram retirando da terra os mais valiosos diamantes de aluvião do mundo, que têm estado a ser encontrados nas áreas da nossa exploração do Lulo", disse Kennedy, durante a reunião-geral da empresa, onde disse ainda que está convicto de que esse kimberlito está muito perto de ser encontrado.

Este tipo de declarações podem ser interpretadas como sendo uma espécie de engodo atirado aos investidores e aos mercados bolsistas - a LDC está em bolsa na Austrália -, mas é igualmente verdade que desde há pelo menos dois anos que a empresa tem apostado nesta busca pelo pote de ouro no fim do arco-íris.

E a estrada para chegar ao pote no fim do arco-íris pode ser esta, uma das maiores estranhezas no universo do sector diamantífero, que levou mesmo a LDC a adquirir equipamento especial para o efeito.

Uma das novidades avançadas neste encontro foi a extensão do contrato de exploração para 2023, o que permite um maior fôlego para apontar ao tal kimberlito mágico dos diamantes gigantes que Milles Kennedy aposta que vai ser encontrado nos próximos dois, três anos, bem ora admita que "não há milagres nestes projectos".