Setembro trouxe, oficialmente, o levantamento da veda do carapau, a espécie pelágica mais valiosa, três meses depois de uma trégua, na verdade, nunca observada, quase sempre violada por grandes embarcações estrangeiras, que constituem o foco do discurso do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, em relação à necessidade de combate à pesca ilegal em Angola.

Para além da captura do carapau em tempo de veda, contra imposições da Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos, salta à vista outra ilegalidade, a actividade dos arrastões (embarcações industriais) a três milhas náuticas contadas a partir das linhas de base.

Até quatro milhas, conforme o instrumento jurídico consultado pelo Novo Jornal, num exercício apoiado por especialistas da fiscalização, o espaço é pertença dos agentes artesanais que se queixam, de resto, desta concorrência.

"A coisa não está boa, está péssima", avança, no centro da agitação das Tombas, ponto de venda do pescado, nos arredores da cidade de Benguela, o pescador João Augusto, de 40 anos.

Forçado a cruzar o território do Namibe sempre que necessário, ao ritmo da movimentação das espécies, ele afirma que "os nossos irmãos estrangeiros, os chineses, estão a estragar mesmo o mar".

Augusto, que falava há pouco mais de uma semana, ainda em tempo de veda do carapau, acrescentou que "hoje conseguimos apenas um pouco ali e outro bocado lá, vão morrendo o cachucho e a corvina".

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, pagável no Multicaixa. Siga o link: https://leitor.novavaga.co.ao/