"Vamos aproveitar o momento em que a dinâmica do preço do petróleo está a favor do país para avançar com reformas para garantir a diversificação económica, no sentido de promover o crescimento económico, criar oportunidades para uma parcela da população que ainda sofre e ter melhores condições de vida para todos", afirmou hoje Marcos Souto.
Para o representante do FMI, países exportadores de petróleo como Angola, com forte dependência neste produto, enfrentam "enormes factores de risco, sobretudo devido à volatilidade do preço", daí a necessidade da diversificação económica.
Em declarações durante a apresentação do Relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais da África Subsaariana do FMI, o responsável insistiu na necessidade de Angola apostar na diversificação económica para "valorizar as suas enormes potencialidades agrícolas".
"Temos aqui em Angola diversas potencialidades para aumentar a produção agrícola, já viajei de carro aqui e fiquei surpreso com o potencial que existe em várias regiões e o quão pouco é explorado", observou.
Em relação ao relatório, Marcos Souto deu conta de que Angola apresenta um rácio da dívida do Produto Interno Bruto (PIB) que "está a cair, numa grande parte por conta da dinâmica da taxa de câmbio".
"Mais de 80% da dívida pública é em moeda estrangeira, mas há também aqui um esforço no sentido de se reduzir a dívida pública e também a composição", realçou.
"E o esforço que foi feito pelas autoridades angolanas no sentido de melhorar a composição da sua dívida pública, reduzir o risco de refinanciamento", afirmou o representante do FMI, acrescentando que a instituição de Bretton Woods está disponível para um novo programa de "ajuda financeira ou não para Angola", caso as autoridades angolanas assim o desejarem, por a decisão ser uma "prorrogativa total" do Governo do país africano.
"Nós já tivemos com as autoridades uma apresentação do que são as diversas modalidades de engajamento do fundo e outros, mas essa é uma decisão totalmente do Governo angolano, baseado nessa apresentação que fizemos", disse o representante do FMI em Angola, Marcos Souto.
As "diversas modalidades, a conjuntura actual, as expectativas relativamente ao futuro de médio e longo prazo se faz sentido ou não para eles [autoridades angolanas] terem o engajamento oficial com o Fundo, um engajamento que pode ser sem financiamento, com financiamento", explicou.
"Existem diversas modalidades, mas é uma prerrogativa total do Governo angolano", sublinhou Marcos Souto, em declarações em Luanda.
Falando no final da cerimónia de apresentação do Relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais da África subsaariana do FMI, o responsável referiu que o organismo que representa "está sempre disposto" a ajudar os países que necessitam.
"O FMI tem sempre estado disposto a dar suporte aos países de maneira geral, sempre que há necessidade, este tem sido o nosso foco principalmente durante os períodos de crise em que nós fizemos o que foi possível para dar o máximo suporte aos países afectados pela crise actual", rematou.
O anterior programa de assistência financeira do FMI a Angola terminou em Dezembro de 2021.