Este posicionamento do FDSEA agora reafirmado pelo seu presidente, em entrevista à Reuters, surge no seguimento da aquisição recente de sete fazendas em território angolano com mais de 72 mil hectares.

A aplicação de verbas do fundo soberano no sector agrícola surge entre múltiplas afirmações do Governo angolano no sentido de apostar nesta área como uma alternativa ao sector petrolífero, afectado fortemente pela crise internacional, empurrando, por causa da dependência excessiva da exportação de crude, o país para a mais séria crise económica nestes 14 anos após o fim da guerra.

José Filomeno dos Santos explica anda nesta entrevista que o fundo teve de encontrar nova gestão para as sete fazendas, determinar quais os produtos cultivados em cada uma delas, equipa-las com sistemas de irrigação, fazendo desta "o mais eficientes possível para que ali se possa produzir de forma competitiva, tanto internamente como no exterior".

O presidente do FDSEA afirma que estas fazendas, actualmente apostadas na produção de óleos, cereais e carne devem garantir "um retorno na ordem dos oito por cento ou mais nos próximos 10 aos".

O preço deste tipo de produtos estão a recuperar e isso reflecte como o mundo é hoje: uma crescente classe média que aumenta a procura por este tipo de produto e foi isso que o FDSEA garante ter tido em conta na altura em que foras escolhidas as culturas para cada uma das quintas, explicou José Filomeno dos Santos.

Quando o fundo angolano aposta na produção agrícola, não o faz desenquadrado de uma realidade global que mostra ser essa uma opção normal nos detentores deste tipo de fundos, como é o caso dos soberanos do Golfo, essencialmente grande produtores de petróleo, que estão, inclusive, a escolher o continente africano para comprar terras e produzir alimentos para garantir a sua própria segurança alimentar.

A Reuters avança ainda nesta notícia que o FDSEA foi constituído segundo o modelo do fundo soberano de Singapura, que assumiu o controlo de muitos equipamentos, como o porto da capital, um dos maiores do mundo, que eram até então geridos pelo Governo do país, como é o caso das fazendas onde o fundo dirigido por Filomeno dos Santos está a investir.

"Estamos a gerir um leque diverso de equipamentos que eram geridos pelo Estado e foram transferidos para o fundo soberano que os passou a gerir e são muito interessantes porque podem gerar muitos dividendos para o Estado e também porque podem ajudar o país a melhor conseguir desenvolver-se social e economicamente", afirmou.

O FDSEA tinha cerca de 4, 56 mil milhões de dólares norte-americanos sob sua gestão no início deste ano, dos quais, 2, 7 mil milhões estão colocados num leque extenso de investimentos, que vão, entre outros, dos seguros à agricultura, unidades de saúde e à mineração.