Naquilo que parece ser o sentido único de subida nos mercados petrolíferos, o barril de Brent iniciou esta quinta-feira as negociações para Abril nos 118 dólares norte-americanos, valor que não era visto nos gráficos há mais de uma década, sem que a OPEP+, a organização que agrega os 13 Países Exportadores (OPEP) e 10 desalinhados com a Rússia à cabeça, que esteve reunida na quarta-feira, se tenha mostrado sensível a esta situação, tendo optado por manter o plano que já vigora desde Junho do ano passado.
Assim, com a guerra da Ucrânia a puxar para cima o barril e a OPEP+ a ajudar, mantendo a recuperação da produção destruída pela pandemia da Covid-19, nos 400 mil barris por mês para Abril, contra a vontade expressa das grandes economias mundiais, como a dos EUA, o petróleo tem por estes dias o se momento mais auspicioso, o que é, apesar das razões trágicas que suportam esta realidade, uma boa notícia para Angola, que atravessa uma das suas mais graves crises económicas de sempre e tem na matéria-prima uma das únicas formas de a reverter.
Com o barril nos 118 USD, o Executivo de João Lourenço só não tira mais vantagens deste momento porque a produção nacional está num continuado declínio há vários anos, estando já muito perto dos 1,1 milhões de barris por dia, longe dos 1,8 milhões de 2008/09, por exemplo, o que faz toda a diferença quando se sabe que o crude representa ainda 95% das exportações nacionais, é 35% do PIB e mais de 55% das despesas de funcionamento do Estado.
Mas este cenário pode sofrer alterações radicais de um momento para o outro tendo em conta que, se por um lado, a OPEP+ não mostra intensão de excluir do seu seio a Rússia, e a China e a Índia vão, pelo menos Pequim já o garantiu, manter as compras regulares de petróleo russo, podendo mesmo aumentar, especialmente no sector do gás natural, a verdade é que se a União Europeia, que está a apetar fortemente as sanções a Moscovo devido à invasão da Ucrânia, decidir deixar de consumir o gás natural siberiano, que é 40% do total consumido na Europa ocidental, e crude, que anda à volta dos 20%, as coisas podem resvalar rapidamente e o barril disparar para valores muito próximos dos alcançados em 2008, quando, em Junho desse ano, chegou aos 147 USD.
E esse passo pode ser dado em breve porque tanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, como o Presidente dos EUA, Joe Biden, já disseram que "todas as opções esão em cima da mesa", apesar de se saber que tanto os Estados Unidos como a Europa vão ter um "preço muito elevado a aguentar" também se esse for o caminho definido.