O Brent de Londres estava hoje a valorizar o barril de crude em mais de 3 por cento, perto das 11:00, face ao fecho de segunda-feira, para 53,44 dólares, enquanto o WTI de Nova Iorque crescia quase 3,5%, para 48,27 USD.
Estes números revelam um vigor da matéria-prima que já não era observado desde meados de Janeiro, quando o Covid-19 começou, a partir da China, a espalhar-se pelo resto do mundo e as medidas de Pequim conduziram a uma brutal diminuição do consumo de petróleo pela segunda maior economia do mundo - perto de 20% dos mais de 13 milhões de barris diários - e seu maior importador planetário.
Angola voltou a poder respirar com algum relativo alívio, mesmo que ainda tenha em cima da mesa um plano de contingência que passa por avançar para uma revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE 2020) se os valores do crude se mantiverem por muito tempo abaixo do valor de referência usado pelo Executivo para a elaboração do documento reitor do seu deve e haver, que foi de 55 dólares norte-americanos.
Por isso, pela importância que este sobe e desce do crude tem para o País, onde a matéria-prima ainda é responsável por mais de 90 por cento das suas exportações globais, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, seguiu já para Viena de Áustria, à frente de uma comitiva com os dirigentes de topo da Sonangol e da Agência Nacional de Petróleos (ANPG), para participar nas reuniões e encontros de trabalho, a partir de quinta-feira, no âmbito da 178ª reunião extraordinária da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e da sua extensão ad hoc, a OPEP+, que agrega a Rússia e mais 10 importantes produtores mundiais.
Nestes dois dias de trabalho, 05 e 06 deste mês, tanto a OPEP como a extensão OPEP+, têm em cima da mesa as medidas a tomar para combater o impacto da pandemia de coronavírus no valor de referência do petróleo, estando no topo das prioridades analisar o prolongamento do actual plano de cortes da produção de Junho para, como já avançaram fontes da organização, o final do ano, pelo menos, e ainda de aumentar o número de barris extraídos diariamente à produção normal entre os membros.
A OPEP+ tem em curso um plano de cortes que visa reequilibrar os preços do crude nos mercados de 1,7 milhões de barris por dia, desde Janeiro de 2019, ao que acresce 400 mil barris que a Arábia Saudita corta à margem das quotas acordadas, perfazendo 2,1 milhões de barris por dia.
Nesta reunião de Viena de Áustria, este valor poderá ser engrossado em mais 500 mil barris por dia, embora alguns países, como a Arábia Saudita, tenham já deixado saber que poderão defender um aumento ainda mais alto, na ordem do milhão de barris diários, para garantir que a matéria-prima não perde ainda mais valor nos mercados.
O valor que está a ser avançado por vários especialistas ouvidos pelas agências e sites especializados é que a OPEP+ precisa de conseguir fazer o barril regressar à casa dos 60 USD porque esse é o valor mínimo aceitável para manter equilibradas as economias mais dependentes das exportações de crude, como é o caso da angolana, mas também da saudita, nigeriana ou a venezuelana, entre outras.
Também para Angola, embora as autoridades nacionais não tenham colocado as coisas desta forma, os 60 a 70 USD por barril é o mais indicado, tendo em conta que a política de Luanda sobre esta matéria tem sido colocar como fundamental encontrar um valor que seja aceitável tanto para produtores como para consumidores, para não gerar perturbações irreversíveis.
A par da OPEP+, também os ministros das Finanças dos sete países mais ricos do mundo, o G7, discutem esta semana que medidas vão ser tomadas para estancar as quebras na economia global provocadas por esta pandemia, que, por exemplo, está a provocar enormes rombos nas bolsas mundiais.
Uma das medidas que está a ser considerada pelos especialistas é a injecção de massa monetária em circulação pelos Bancos Centrais, como, por exemplo, o Banco Central Europeu, a FED norte-americana ou o Banco do Japão, para além do Banco Central chinês, que já o está a fazer há várias semanas, de forma a garantir o crescimento económico em valores aceitáveis, bem como estímulos fiscais.