O anúncio de Ursula von der Leyen de que a União Europeia, que é o maior bloco comercial do mundo, está a trabalhar afincadamente para, no âmbito das sanções à Rússia devido à guerra na Ucrânia, acabar, num prazo de seis meses, com todas as importações de petróleo russo, levou os mercados a reagir de imediato, logo na abertura, hoje, com uma valorização superior a 3 por cento.

Em Londres, o barril de Brent estava a valer, perto das 11:00 desta quarta-feira, hora de Luanda, nos contratos para Junho, 108,10 USD, mais 2,99% que no fecho da sessão de terça-feira, enquanto no WTI de Nova Iorque, subia, à mesma hora, para os 105,64, mais 3,20% que no fecho da última sessão. A tendência nos mercados é, a esta hora, de clara subida, segundo analistas ouvidos pelos media especializados.

Por detrás desta valorização substantiva da matéria-prima nos mercados internacionais está a decisão de Bruxelas em castigar a Rússia na área da energia com o anúncio, a prazo, da paragem de todas as importações de petróleo de Moscovo, embora esta medida esteja a gerar forte controvérsia entre os 27 países que compõem o bloco europeu, devido à forte dependência das suas economias dessas mesmas importações, como é o caso da Hungria, da Áustria ou mesmo da Alemanha.

Este reforço das sanções europeias em direcção ao crude, depois de já o ter feito sobre o carvão, teve o efeito esperado nos mercados, considerando que a Rússia é hoje o 3º maior produtor do mundo e o 2º maior exportador de petróleo, sendo igualmente um dos lideres globais no gás natural, e não vai ser fácil aos europeus, que são dos maiores consumidores do mundo, substituir fornecedores.

Isto, porque o universo dos produtores de crude vivem na sua quase totalidade o mesmo problema, que é a incapacidade de aumentar substancialmente a produção devido a diversos factores, sendo os mais importantes o desinvestimento substantivo em pesquisa nos últimos anos e o esgotamento dos blocos actuais, como é o caso de Angola.

Ou ainda por razões políticas, como sucede com a Arábia Saudita e os EAU, cujas relações com os Estados Unidos se têm degradado, e se mostram sólidos parceiros da Rússia no âmbito da OPEP+, a organização que desde 2017 junta esforço, agregando os 13 países da OPEP e 10 desalinhados, incluindo a Rússia, para equilibrar, em "cartel", os preços da matéria-prima sujeita à pressão em baixa de múltiplas crises.

A ajudar a esta subida expressiva nos mercados, está a quase certa garantia de que a OPEP+ vai manter o seu plano de aumento da produção nos 400 mil barris/dia mensalmente, que já vem de Junho de 2021, quando se voltar a reunir esta semana, nos seus encontros mensais.

Na quinta-feira, os membros da OPEP+, liderados pelos sauditas e pelos russos, vão manter o seu plano sobre a produção inalterado, porque, como refere a Reuters, existe hoje uma pressão menor no sentido ascendente devido ao regresso do medo da COvid-19 na China e à retoma dos confinamentos gigantes, como sucede em Xangai e em Pequim, o que leva a uma diluição da pressão sobre o consumo ao reduzir as perspectivas económicas da 2ª maior economia do mundo e o maior importador de crude planetário.

Para Angola, um dos países mais interessados em observar esta evolução devido ao forte impacto que o sobe e desce do crude nos mercados tem na sua economia, qualquer sobe e desce os mercados tem forte impacto porque o petróleo ainda representa 95% do total das suas exportações, mais de 35% do seu PIB e perto de 60% dos gastos de funcionamento do Estado.