Numa conversa com os jornalistas em Luanda, na segunda-feira, para assinalar as Jornadas do Mineiro", onde também esteve presente o ministro dos Recursos Minerais, Petróleos e Gás, Diamantino Azevedo, o líder da ANPG sublinhou, no entanto, que, nas últimas duas semanas, essa mesma produção esteve acima dos 1,2 mbpd.

Estes números, que já eram conhecidos no sector, demonstram que Angola tem vindo a perder produção média global ano após ano, fruto do desinvestimento observado na pesquisa e produção entre as majors a operar no sector nacional, nos últimos anos, especialmente após 2014, quando o barril caiu drasticamente abaixo dos 100 USD, batendo no fundo em Fevereiro de 2016, quando atingiu os 29 USD.

Este declínio da produção e do investimento foi ainda potenciado com o surgimento da pandemia da Covid-19, no início de 2020, que atirou, de novo, o barril para valores historicamente baixos.

No entanto, o barril de Brent, que serve de referência para as ramas exportadas por Angola, a matéria-prima tem estado a corrigir em baixa, nos últimos dias depois de uma subida substancial, que levou o barril aos 139 USD, a 09 de Março, gerada com o "calor" da guerra na Ucrânia.

Já hoje, depois de na segunda-feira ter caído abaixo dos 100 USD, o barril de Brent voltou a ganhar ímpeto, subindo perto de 2,6 por cento, para os 101,1 USD, impulsionado pelo baixar da severidade dos confinamentos na China por causa do regresso da ameaça da Covid-19 a algumas regiões, incluindo Xangai, com 27 milhões de habitantes confinados na última semana.

Também presente na cerimónia de introdução da "jornada do Mineiro" esteve o responsável pela Sonangol, Sebastião Gaspar Martins.

Questionado sobre o encaixe financeiro obtido com a venda das participações da Sonangol em oito blocos e cujos vencedores foram seleccionados na semana passada, o presidente da petrolífera estatal, citado pela Lusa, indicou que o valor não está fechado mas devera ficar acima dos 400 mil dólares.

O líder da Sonangol admitiu ainda recorrer a uma nova estratégia para avançar com o projecto da refinaria do Lobito, embora o executivo angolano não tenha ainda encontrado um parceiro.

"Neste momento estamos a ver com que entidades vamos constituir o consórcio e accionista, mas temos a intenção de avançar com o projecto, ainda que com fundos iniciais da Sonangol. A decisão está tomada e esta refinaria vai para a frente", garantiu.

Gaspar Martins assinalou ainda que o conflito russo tem impacto sobre o processo logístico da Sonangol, sobretudo no que diz respeito à compra de materiais de aço para a refinaria de Cabinda, actualmente em construção, que estão a ser utilizados na indústria da guerra.

O Ministro dos Recursos Minerais, Petróleos e Gás, Diamantino Azevedo destacou, por outro lado, a forma como a Sonangol se está a adaptar à transição energética sublinhando que a petrolífera angolana esta já envolvida em projectos de energia solar (com as multinacionais italiana Eni e a francesa Total) e de hidrogénio, juntamente com empresas alemãs.

Diamantino Azevedo fez um balanço do seu mandato de quase cinco anos à frente deste ministério, elencando as principais realizações do sector do petróleo e gás, bem como nos recursos minerais.

Angola, um dos principais produtores de diamantes mundiais, começou também a explorar o potencial de outros minerais como lítio, níquel, zinco, nióbio, tântalo e minerais de elementos de terras raras, usados na indústria dos automóveis eléctricos.