Esta melindrosa situação já está a ser tratada pelos canais diplomáticos devido à sua gravidade, tendo o ministro das Relações Exteriores, Téte António, mandado chamar o embaixador da RDC para manifestar o desagrado de Angola com a situação.

Este caso já é antigo e tem como pano de fundo a enorme discrepância entre as taxas cobradas aos camionistas angolanos para circularem em território da República Democrática do Congo (RDC), 4 mil USD, enquanto em sentido contrário, Angola cobra apenas 50 USD por camião congolês que passa a fronteira.

Mas, há pouco mais de duas semanas, os camionistas nacionais foram surpreendidos com uma proibição "oficial" para atravessar território congolês de forma a chegar a Cabinda por via terrestre a partir do Zaire.

As razões da proibição de circulação não foram avançadas, mas alguns camionistas asseguram ser uma reacção contra o crescente rigor na fronteira da parte angolana, sobretudo no controlo de combustível e na vistoria dos camiões pesados congoleses para combater o tráfico, especialmente de combustíveis, para o país vizinho.

A Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA) espera uma pronta intervenção do Governo angolano, visto que muitos produtos estão a ser sabotados pelos congoleses.

Alguns empresários angolanos já falam em prejuízos de milhões em função de muitos produtos estarem a deteriorar-se dentro dos veículos.

Entretanto, a ATROMA desconhece as razões que levaram o Governo da Província do Congo Central a decretar a proibição de veículos pesados angolanos em solo da RDC, salientando que estão retidos mais de 400 veículos pesados, apanhados de surpresa.

Em Fevereiro último, os dois países assinaram um acordo de reciprocidade na taxa aduaneira, com prazo de implementação de dois anos, visto que os angolanos pagam 4.000 USD de cada vez que entravam na RDC, ao passo que os camionistas congoleses pagam 50 USD, para circularem em território angolano.

Dois camionistas, que solicitaram anonimato, contaram ao Novo Jornal que estão a ser maltratado e que as várias mercadorias estão a ser saqueadas pelas autoridades congolesas.

"A polícia congolesa não está a respeitar os angolanos, somos detidos do nada e obrigados a pagar valores que eles exigem para nos libertarem. Mesmo com a documentação congolesa passada, não querem respeitar", relatam.

Na segunda-feira,30, as autoridades angolanas manifestaram o seu desagrado pelo tratamento inapropriado que têm sido alvo os camionistas nacionais na RDC.

O desagrado foi expresso, em Luanda, pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, ao embaixador da RDC em Angola, Kalala Constantin, tendo critocado a posição unilateral das autoridades congolesas sobre a proibição da circulação de camionistas angolanos no território congolês com destino à província de Cabinda.

Durante o encontro, o governante abordou com o diplomata congolês os vários problemas que os camionistas angolanos enfrentam dentro do território nacional da RDC.

Téte António disse ser necessário que as autoridades congolesas tomem medidas apropriadas para pôr cobro a essa situação e resolver os diferendos pelos mecanismos existentes.

O Novo Jornal soube que, em função da proibição dos camiões angolanos em território congolês, os preços dos principais produtos a nível da província de Cabinda já começaram a disparar nos mercados.