Em algumas localidades da província do Zaire, que divide uma vasta fronteira com a RDC, as próprias populações dificultam o trabalho das autoridades policiais e ajudam os contrabandistas a levar o produto, em bidões, à cabeça, como se estivessem a acarretar água, para o País vizinho.

Alguns camionistas que trafegam pelo território do Zaire asseguram ao Novo Jornal que quase sempre as bombas de combustível estão sem gasolina, sobretudo nos postos fora das localidades.

Procurar combustível no Zaire, é, portanto, uma dor de cabeça para os camionistas naquela província, apesar do anunciado combate cerrado pelas autoridades policiais.

Fontes policiais, junto da Guarda-fronteira, asseguraram ao Novo Jornal que os contrabandistas insistem a todo o custo levar o produto para a RDC, e que muitos estão a ser descobertos e impedidos.

A fonte descrave que em muitas localidades a população tem estado a encobrir e ajudam os contrabandistas na fuga, quando são autuados pela polícia, e muitas vezes no transporte do produto, por caminhos fiotes, dissimulando-o em produtos diversos, para ser comercializado na RDC.

"A informação de que as autoridades policiais estão a combater intensamente o contrabando de combustível é do conhecimento de todos na região, mesmo assim, há sempre milhares de litros que os contrabandistas tentam transportar para o País vizinho, a todo o custo", descreve a fonte.

Em finais de Dezembro, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Furtado, disse que "é preciso apertar mais o cerco" ao contrabando de combustível, cujas quantidades apreendidas, em 2024, totalizaram 9,3 milhões de litros.

O governante apelou também aos órgãos de defesa e segurança o aprimoramento dos mecanismos de fiscalização do combustível, que é atribuído às unidades militares e policiais, porque há várias denúncias "sobre o desvio de combustíveis a partir de unidades militares e policiais".

Entretanto, o Zaire continua a ser a província angolana com mais casos de contrabando de combustível, e, segundo as autoridades policiais, só nos últimos 11 meses de 2024, 1.200 cidadãos, entre nacionais e estrangeiros, foram detidos.

Porém, conforme o Ministério do Interior (MININT), o contrabando de combustível no País causou prejuízos aos cofres do Estado, em 11 messes, acima dos mil milhões kz.

Segundo MININT, o fenómeno do contrabando de combustível tem provocado lucros milionários aos contrabandistas que comercializam o produto nos países vizinhos - RDC, Zâmbia e Namíbia.

Importa lembrar que no mês de Dezembro, o MININT propôs ao Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), e ao Ministério Público (MP), que se defina como prioridade, em sede de instrução processual e nos tribunais, os crimes de contrabando de combustível.