Segundo o Vaticano, 130 delegações confirmaram a presença nas cerimónias, incluindo 50 chefes de Estado e 10 monarcas reinantes.
João Lourenço rendeu na quinta-feira, 24, em Luanda, homenagem ao Papa Francisco.
O Chefe de Estado deslocou-se à sede da missão diplomática do Vaticano em Angola, onde foi recebido pelo Núncio Apostólico de Angola e São Tomé, Monsenhor Kryspin Dubiel, com quem manteve uma conversa sobre o momento de luto que a Igreja Católica e a comunidade cristã vivem desde segunda-feira.
No final do encontro, o Presidente da República manifestou a sua profunda consternação em mensagem que escreveu no livro aberto na nunciatura.
"A morte de sua Santidade o Papa Francisco, Bispo de Roma e líder da Igreja Católica, constitui um duro golpe para o mundo e uma imensa perda para os cristãos católicos, que viam nele uma das grandes esperanças na construção de um mundo mais justo e equilibrado, por ser um líder comprometido com a paz, com a justiça social e com os mais desfavorecidos".
Francisco, nascido em 1936, foi o 266º Papa e o primeiro que chega à chefia da Igreja Católica oriundo da Companhia de Jesus (Jesuitas) e o primeiro que chega a Roma vindo das Américas e do Hemisfério Sul, e ainda o primeiro de fora da Europa em mais de 1.200 anos.
O Papa que veio da Argentina foi eleito pelo colégio de cardeais em 13 de Março de 2013 e a sua sucessão, se for cumprida a tradição, estará concluída dentro de 30 dias.
No entanto, como há muito não sucedia, o Conclave cardinalício que vai eleger o próximo Papa é composto por mais de 100 cardeiais já eleitos por Francisco, o que pode, segundo analistas, inclinar a escolha para um líder da Igreja Católica na mesma linha de abertura imposta pelo que agora deixa a cadeira de São Pedro.
E isso pode levar ainda a que a escolha posssa ser agora mais complexa e geradora de demoras que podem levar a que o fumo branco no Vaticano demore mais a chegar que o normal noutras alturas de eleição do Papa.
Francisco foi o Papa que mais transformou por dentro a Igreja Católica, desde a defesa intransigente dos mais desfavorecidos pela sua condição social, estando sempre atento à pobreza, contra a qual sempre falou atacando as suas causas, o que dele, para alguns, o Sumo Pontífice mais esquerdista de sempre depois de Cristo.
Esteve ainda sob os holofotes ao defender os direitos das minorias, incluindo derrubar os muros que ao longo dos séculos mantiveram marginalizados, na perspectiva católica, os homossexuais, as mulheres, no que diz respeito ao seu papel na condução dos rituais católicos, embora tenha ficado longe do que os mais "revolucionários" esperavam, que era abrir-lhes a porta do sacerdócio.
Apostou a sua "palavra" na procura de uma solução de paz nas várias guerras que corroem o mundo, desde logo na Ucrânia, e não se cansou, ao longo do seu pontificado, de apelar a uma melhor distribuição da riqueza existente no mundo e manteve ainda a sua atenção na defesa das causas ambientais...
O seu funeral é feito seguindo a "Ordem das Exéquias do Sumo Pontífice", livro litúrgico e que contém as normas aprovadas por Francisco em Abril de 2024 e publicadas em Novembro do mesmo ano.
Ao contrário de outros pontífices, Francisco pediu para ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, em vez da Basílica de São Pedro.
Nos próximos dias espera-se também a marcação do Conclave, processo secreto pelo qual os cardeais da Igreja Católica Romana elegem um novo Papa.
De acordo com as regras estabelecidas pelo Papa João Paulo II em 1996, o Conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte ou renúncia do papa anterior. Somente os cardeais com menos de 80 anos de idade podem participar. Eles são os principais conselheiros do Papa e são escolhidos por ele para ajudar a governar a igreja. Segundo fontes do Vaticano, actualmente, existem cerca de 220 cardeais no mundo, mas apenas cerca de 120 deles têm menos de 80 anos de idade e, portanto, são elegíveis.