Dez anos de Facebook foram suficientes para mostrar que é possível. Hoje em dia é comum, face à panóplia de inventos que se sucederam, sobretudo nas últimas duas, três décadas, ouvir repetidamente que tudo já foi inventado e que dificilmente se cria algo verdadeiramente inovador e revolucionário. Dando a ideia de que depois dos grandes inventos, pouco ou mesmo nada ficou por criar.
O Facebook veio provar o contrário. Esta semana na cidade da Praia, em Cabo Verde, terminou a primeira Cimeira sobre Inovação em África. A realização deste encontro que teve como objectivo o debate em torno da necessidade de desenvolver cada vez maior interesse e investimento dedicado à investigação e inovação pode ter surpreendido alguns porque, além de já quase tudo ter sido inventado, verdade seja dita, que quando se fala de investigação científica, África não é o primeiro continente que vem à mente.
Ainda assim, é determinante agora que se aposte a fundo nestas áreas que poderão ajudar a africanizar o mundo, tal como defende o presidente cabo-verdiano, a democratizar os povos como sugere o presidente ruandês ou a dar bom uso aos recursos naturais como relembra o ex-presidente Chissano. Por aí somos levados a concluir que este assunto pode não ser apenas mais uma boa intenção ou uma experiência ocasional.
A acontecer, existem fortes indícios de que o continente possa desenvolver-se como deve. Um deles é a adesão espontânea e a natural apetência dos consumidores africanos por tudo o que esteja relacionado com novas tecnologias. O número de aparelhos de telefonia móvel confirma esta tendência. De acordo com o Banco Mundial só no continente africano contavam-se 650 milhões de telemóveis em 2012. Mais do que nos Estados Unidos ou em toda a Europa.
A maioria destes aparelhos é usada para comunicações de voz, mas também para aceder à internet e, consequentemente, às redes sociais. Em Angola estima-se que o número de utilizadores de Facebook ronde um milhão e em toda esta década de existência o impacto desta e de outras plataformas sociais é visível.
As massas particularizam- se, a cada um o seu palco e o devido tempo de antena. A liberdade de expressão é quase total e pública, se o mesmo espaço não servisse também para escrutínio, possivelmente, ainda mais livre seria. A aparente abertura permitiu que entrássemos em espaços, antes restritos e fez de cada cidadão, um denunciante. O eu deixou de ser número e sobrepôs-se sem dúvida ao todo.